George Floyd: o que aconteceu antes da prisão e como foram seus últimos 30 minutos de vida

O que se sabe sobre os principais eventos que levaram à morte de Floyd, de acordo com relatos de testemunhas oculares, gravações em vídeo e declarações oficiais

31 mai 2020 - 11h47
(atualizado às 12h38)
Mural con la imagen de George Floyd
Mural con la imagen de George Floyd
Foto: AFP / BBC News Brasil

Tudo começou com um relato sobre uma nota falsa de US$ 20 em um supermercado.

E culminou na morte de George Floyd, um homem afro-americano de 46 anos, que haviaa acabado de ser preso pela polícia em Minneapolis, Minnesota, nos Estados Unidos.

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Um vídeo mostrando a prisão de Floyd viralizou após o episódio. Nele aparece um policial branco, Derek Chauvin, com o joelho sobre o pescoço de Floyd, enquanto ele está algemado e de bruços no chão.

Chauvin, de 44 anos, foi preso e é acusado de homicídio. A morte de Floyd provocou uma onda de protestos em todo o país.

Os eventos que levaram à sua morte ocorreram em uma sequência de 30 minutos.

A seguir, veja o que se sabe sobre estes acontecimentos-chave, de acordo com o que mostram relatos de testemunhas, gravações em vídeo e declaações oficiais.

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'Nota falsa'

A sequência começa em 25 de maio, logo após as 20h, quando um funcionário da Cup Foods, um supermercado em Minneapolis, reportou uma nota falsa de US$ 20 à polícia.

Os eventos que levaram à morte de George Floyd ocorreram em um intervalo de 30 minutos
Foto: TWITTER/RUTH RICHARDSON / BBC News Brasil

O funcionário acreditava que o dinheiro que George Floyd tinha usado para comprar um maço de cigarros era falsificado.

Floyd vivia em Minneapolis há vários anos, desde que se mudara de Houston, sua cidade natal no Texas.

Ele trabalhava como segurança em estabelecimentos da cidade, mas, como aconteceu com milhões de norte-americanos, foi demitido em meio à pandemia do novo coronavírus.

Floyd era um cliente regular da Cup Foods.

George Floyd tinh 46 anos e era pai de uma menina de 6
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Cliente

Floyd era conhecido como alguém amigável e gentil, que nunca causava problemas, disse o dono da loja, Mike Abumayyaleh, em entrevista à emissora NBC.

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Mas Abumayyaleh não estava trabalhando no dia em que a prisão ocorreu. Ele afirmou que, a denunciar o bilhete suspeito, seu funcionário, um adolescente, estava seguindo o protocolo correto.

Na ligação para o 911, número do serviço de emergência dos EUA, o funcionário disse a uma atendendente que pediu que o homem devolvesse o maço de cigarros, mas que "ele (Floyd) não queria fazê-lo".

O diálogo aparece em uma transcrição da chamada telefônica publicada por autoridades locais.

O funcionário afirmou que o homem parecia "bêbado" e que "não estava sob controle de si mesmo", segundo a transcrição.

Logo após a chamada, aproximadamente às 20h08, dois policiais chegaram ao local.

Floyd estava sentado com duas outras pessoas em um carro estacionado em uma esquina.

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Manifestantes fizeram um memorial para George Floyd em Minneapolis, Minnesota, nos EUA
Foto: AFP/Getty Images / BBC News Brasil

Depois de se aproximar do carro, um dos policiais, Thomas Lane, sacou sua arma e ordenou que Floyd mostrasse as mãos.

Em um relatório sobre o caso, os fiscais não explicam por que Lane achou deveria sacar a arma.

O relatório diz que Lane "colocou as mãos em Floyd e o puxou para longe do carro".

Ainda segundo o texto, mais tarde, Floyd "resistiu ativamente a ser algemado".

Uma vez algemado, Floyd teria concordado quando Lane explicou que ele estava sendo preso por "usar dinheiro falso".

Mas, quando os policiais tentaram colocar Floyd dentro da viatura policial, segundo o relatório, um confronto físico começou.

Por volta das 20h14, Floyd "ficou tenso, caiu no chão e disse aos policiais que era claustrofóbico", diz o texto.

Vídeo do episódio em Minneapolis foi publicado nas redes sociais na manhã de terça-feira.
Foto: Darnella Frazier / BBC News Brasil

Neste momento, o policial Chauvin chegou ao local e, como os outros oficiais, tentou novamente colocar Floyd na viatura.

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Durante essa tentativa, às 20h19, Chauvin puxou Floyd do banco do passageiro, "fazendo-o cair no chão", diz o relatório.

Ele ficou ali, caído com o rosto para baixo, ainda algemado.

"Não consigo respirar"

Nesse ponto, testemunhas começaram a filmar Floyd, que parecia estar em estado de extrema angústia.

Esses momentos, capturados por vários telefones celulares e amplamente compartilhados nas redes sociais, seriam os últimos minutos da vida de Floyd.

Floyd estava sendo segurado por policiais quando Chauvin colocou o joelho esquerdo entre a cabeça e o pescoço do homem.

"Não consigo respirar", dizia Floyd repetidamente, citando sua mãe e implorando: "por favor, por favor, por favor".

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Derek Chauvin, de 44 anos, foi preso e é acusado de homicídio
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Durante 8 minutos e 46 segundos, Chauvin manteve o joelho sobre o pescoço de Floyd, segundo o relatório.

Passados os primeiros 6 minutos, Floyd ficou descordado.

Os vídeos mostram que, naquele momento, Floyd para de falar e testemunhas pedem que os policiais verifiquem seu pulso.

Um dos oficiais, Kueng, faz isso e não consegue identificar batimentos cardíacos.

No entanto, os oficiais não se mexem.

Às 20h27, Chauvin tira o joelho do pescoço de Floyd, que não se move.

Os policiais entao o colocam em uma maca e o levam de ambulância ao Centro Médico do Condado de Hennepin.

Morte gerou onda de protestos em todo o país
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Eles o declaram morto quase uma hora depois.

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Na noite anterior à morte, Floyd conversara com um de seus amigos mais próximos, Christopher Harris.

Ele havia aconselhado Floyd a entrar em contato com uma agência de empregos temporários.

A falsificação, observa Harris, não era algo que se esperaria dele.

"A maneira como ele morreu não faz sentido", diz Harris.

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