'Gripezinha ou resfriadinho' e outras 7 frases controversas de líderes mundiais sobre o coronavírus

Autoridades de diferentes partes do mundo causaram polêmica depois de falas minimizando a crise ou até difundindo informações falsas sobre o coronavírus.

7 abr 2020 - 16h04
(atualizado às 16h16)
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, foi alvo de protestos com paneladas depois de frases polêmica sobre a covid-19
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, foi alvo de protestos com paneladas depois de frases polêmica sobre a covid-19
Foto: Getty / BBC News Brasil

A pandemia da covid-19 colocou autoridades em todo o mundo lutando para conter a propagação da doença.

Mas um punhado de líderes mundiais causaram polêmica por suas declarações controversas, minimizando a crise, fornecendo informações falsas ou que levaram seus próprios cidadãos a adotar comportamentos inadequados.

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Enquanto alguns líderes mudaram de tom nas últimas semanas, outros mantiveram a postura.

Aqui, juntamos nove das frases mais controversas ditas por líderes em todo o mundo.

1. '[O vírus] está sob controle'

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, faz declarações à imprensa quase diariamente desde que a pandemia atingiu duramente seu país.

Não foram poucas frases polêmicas que ele disse nessas coletivas de imprensa: da defesa de uma droga cuja eficácia não foi adequadamente comprovada até sua recusa a usar uma máscara.

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Antes dessas coletivas, contudo, Trump já estava dizendo frases que tentavam minimizar a situação.

Trump tem participado de coletivas de imprensa sobre o coronavírus da Casa Branca
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Em 22 de janeiro, dois dias após o primeiro caso de coronavírus ter sido registrado em seu país, Trump disse em uma entrevista ao canal de televisão americano CNBC: "É apenas uma pessoa que veio da China, e [o vírus] está sob controle. Vai ficar tudo bem".

Mais de dois meses depois, os Estados Unidos se tornaram o país com o maior número de casos confirmados no mundo.

2. 'Uma gripezinha ou resfriadinho'

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, tem um vasto histórico de declarações controversas.

Algumas das mais recentes são sobre o coronavírus.

"Não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar", disse à imprensa.

Alguns apoiadores de Bolsonaro protestaram contra quarentenas impostas por autoridades locais
Foto: EPA / BBC News Brasil

Em um pronunciamento veiculado na televisão, no dia 24 de março, afirmou: "Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria acometido, quando muito, de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico, daquela conhecida televisão".

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Brasileiros de ao menos seis capitais protestaram com panelaços no dia desta polêmica frase na televisão e nos dias seguintes.

Além de minimizar os riscos do vírus, Bolsonaro zombou repetidamente das recomendações para distanciamento social, caminhando ao lado de apoiadores.

Também disse ver "histeria" em relação à doença causada pelo vírus e tem criticado as medidas tomadas por governadores em vários Estados para tentar conter sua disseminação.

Até esta terça, 7, o Brasil tinha mais de 12 mil infectados e 581 mortes em decorrência da covid-19.

3. 'Não há vírus aqui'

O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, é outro líder que gerou espanto por sua atitude em relação ao surto de coronavírus.

Ele zombou da sugestão de que seu país tentasse impedir a propagação do vírus porque ele não o via "voando".

Falando com um jornalista de televisão após uma partida de hóquei no gelo, o presidente da Bielorrússia afirmou que os espectadores presentes ficariam bem porque o frio no estádio impediria a propagação da covid-19 — não há qualquer comprovação científica disso.

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Lukashenko participou de uma partida de hóquei em abril
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Ele também disse que ter medo do vírus "nada mais é do que uma psicose".

O presidente chegou a aconselhar os cidadãos a frequentar saunas e beber vodca como medidas para combater o vírus, mas depois disse que os comentários sobre isso foram "uma piada".

A Bielorrússia, nação de 10 milhões de pessoas, registrou 440 casos e cinco mortes até 5 de abril.

4. 'Se podem fazê-lo e têm possibilidade econômica, continuem levando a família para comer em restaurantes'

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, contradiz consistentemente os conselhos de várias autoridades mexicanas de saúde pública sobre a disseminação da covid-19.

Além de minimizar os perigos do vírus, ele viajou pelo país e foi visto em reuniões públicas beijando bebês e cumprimentando seus seguidores de perto.

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O México ainda não foi atingido pelo surto da mesma maneira que seu vizinho do norte, os Estados Unidos, que se tornou o país com mais casos no mundo.

Em 5 de abril, havia no México 2.143 casos confirmados e 94 mortes pelo vírus, mas especialistas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) temem que o número de casos graves no país possa chegar a 700 mil.

Em 30 de março, o México declarou situação de emergência na saúde, mas as medidas anunciadas não incluíam um confinamento rígido como o anunciado pela maioria dos países latino-americanos, e as autoridades mexicanas ainda permitem reuniões de até 50 pessoas.

López Obrador tem sido criticado por continuar participando de atos com público em plena pandemia
Foto: EPA / BBC News Brasil

5. 'O coronavírus é obra de Deus para punir os países que nos impuseram sanções'

O presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, não disse nada polêmico sobre o coronavírus, mas teve que intervir diante de uma controvérsia iniciada por um dos membros de seu gabinete.

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O ministro da Defesa, Oppa Muchinguri, disse que a pandemia é "a vingança de Deus sobre os países ocidentais que impuseram sanções à nação africana".

"Pandemias desse tipo têm uma explicação científica e não conhecem limites e, como qualquer outro fenômeno natural, ninguém pode ser responsabilizado", esclareceu Mnangagwa em 18 de março.

O presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, teve que esclarecer declarações de seu ministro da Defesa
Foto: EPA / BBC News Brasil

O Zimbábue tinha apenas nove casos confirmados em 3 de abril, mas teme-se que a disseminação do vírus possa causar estragos neste país, que tem uma alta taxa de pobreza e centros de saúde mal equipados.

6. 'Trump, você e seus colegas são acusados de espalhar esta doença. Especialmente porque a maioria dos que sofrem com isso são contra os Estados Unidos'

O influente clérigo xiita iraquiano Muqtada al-Sadr fez mais do que acusar o presidente Donald Trump de espalhar o coronavírus entre os críticos dos Estados Unidos.

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Nas últimas semanas, Al-Sadr desafiou as medidas iraquianas para conter o vírus e continuou a realizar orações em massa.

Ele também afirmou que o coronavírus era a causa da "legalização do casamento gay" em todo o mundo.

O influente clérigo xiita do Iraque Muqtada al-Sadr disse que a covid-19 era culpa da "legalização do casamento homossexual"
Foto: AFP / BBC News Brasil

Em 2 de abril, o Ministério da Saúde iraquiano havia confirmado 772 casos de covid-19 e 54 mortes, mas a OMS tem a expectativa de que os números aumentem à medida que o número de exames realizados aumentar.

7. 'Não damos certas informações ao povo porque não queríamos provocar pânico'

O presidente da Indonésia, Joko Widodo, admitiu que ocultou informações sobre os casos covid-19 para que as pessoas não recorressem a comportamentos como compras motivadas por pânico.

O país asiático não registrava casos de covid-19 até 2 de março, mas o número agora ultrapassa 2.200, com mais de 190 mortes.

O presidente da Indonésia, Joko Widodo, admitiu que não divulgou toda a informação que tinha sobre o covid-19 no país para não gerar pânico
Foto: AFP / BBC News Brasil

Widodo declarou uma emergência de saúde em 31 de março. Os acadêmicos da London School of Hygiene, no Reino Unido, estimaram dias antes que o número real de casos pudesse ser superior a 34 mil.

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No início deste mês, o chefe da Autoridade Nacional de Gerenciamento de Desastres da Indonésia, Doni Morgado, disse em um seminário que bebidas à base de plantas estavam dando imunidade aos indonésios contra a covid-19.

8. 'Eu estava em um hospital noite dessas onde acho que havia pacientes com coronavírus e estava cumprimentando todos'

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse em uma entrevista coletiva no dia 3 de março que não estava preocupado em dar um aperto de mão nas pessoas em meio à disseminação da pandemia de covid-19 no Reino Unido.

Seu argumento era que lavar as mãos "era a coisa crucial".

Boris Johnson está internado na UTI de um hospital em Londres após 10 dias com sintomas de coronavírus.
Foto: PA Media / BBC News Brasil

Mais tarde, foi esclarecido que Johnson havia cumprimentado apenas a equipe médica do hospital e não os pacientes, mas seus comentários ainda geraram muitas críticas.

O primeiro-ministro do Reino Unido fez um exame cujo resultado deu positivo para coronavírus em 27 de março. Foi internado em uma unidade de terapia intensiva em um hospital de Londres na segunda-feira depois que os sintomas da covid-19 pioraram.

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