A Jihad Islâmica, grupo extremista que atua no Oriente Médio fazendo oposição militar a Israel e tendo o Hamas como aliado, divulgou nesta sexta-feira, 15, um novo vídeo com o refém russo-israelense Alexander (Sasha) Trupanov. Na gravação, ele fala sobre sua situação no cativeiro em Gaza. Recentemente, ele completou 29 anos, sendo este o segundo aniversário que passa como refém, conforme informações de agências internacionais e do jornal O Globo.
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Ainda não se sabe exatamente quando o vídeo foi gravado, mas em registros anteriores, Trupanov mencionou acontecimentos recentes do conflito. Na quarta-feira, a Jihad Islâmica divulgou outra gravação onde ele, exibindo barba crescida, fala em hebraico sobre a ofensiva militar israelense no Líbano, iniciada no final de setembro, além dos ataques aéreos de Israel contra o Irã em outubro. Trupanov também incentiva os israelenses a aumentar os protestos para pressionar o governo a negociar a libertação dos reféns.
Trupanov relatou a falta de comida, água, eletricidade e itens básicos de higiene no enclave, mencionando ainda ter desenvolvido uma doença de pele durante o cativeiro. Ele destacou que a interrupção no envio de ajuda humanitária para Gaza também afeta diretamente os reféns.
"Quero lembrar aos cidadãos de Israel que sempre que comerem ou beberem alguma coisa, lembrem-se de nós, os reféns, que não temos a oportunidade de desfrutar de comida ou água", disse ele, conforme noticiado pelo Times of Israel.
Ele também afirmou que os bombardeios israelenses colocam os reféns em risco, um ponto já mencionado por outros prisioneiros em vídeos anteriores, e destacou que vive com o temor constante por sua vida, algo que enfrenta "diariamente".
"Posso dizer que fiquei com medo do exército. Estou realmente com medo do momento em que o exército pode chegar até mim, ou explodir o lugar onde estou localizado", acrescentou, ao pedir que os israelenses "fechem as estradas" em protesto pela situação dos que ainda estão em cativeiro. "Não se esqueçam de nós. Estamos aqui em Gaza, em perigo diariamente, em uma situação difícil".
Trupanov foi sequestrado junto com sua namorada, Sapir Cohen, no kibutz Nir Oz, próximo à fronteira com Gaza. A mãe e a avó de Sasha, Yelena e Irena Tati, também foram levadas durante o ataque, enquanto o pai do refém, Vitali Trupanov, foi morto na ofensiva. Sapir Cohen, Yelena e Irena foram libertadas durante uma trégua temporária, alcançada em novembro após negociações entre Israel e Hamas mediadas pelos Estados Unidos, Egito e Catar.
"Estou aliviada por ver o meu filho vivo, mas me preocupa muito ouvir o que ele diz", declarou Yelena em um comunicado divulgado pelo Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos de Israel, uma organização da sociedade civil formada após o ataque de outubro para apoiar as vítimas e suas famílias. "Peço que sejam feitos todos os esforços para obter a liberação imediata dele e de todos os outros reféns."
O Fórum descreveu o vídeo como "horrível" e ressaltou a urgência de um acordo. Por sua vez, o Catar, que vinha atuando como mediador no conflito, anunciou no sábado o fim de seus esforços de negociação entre Israel e Hamas, após meses de tentativas sem avanços. As duas partes se acusam mutuamente de bloquear as tratativas.