A execução por injeção letal de Robert Roberson, de 57 anos, condenado à morte no Texas (EUA) pelo assassinato de sua filha de 2 anos, está marcada para quinta-feira, 17. No entanto, seus advogados, além de médicos, deputados e um ex-detetive, argumentam que a condenação foi baseada em evidências científicas com falhas, segundo informações da Associated Press.
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Em 2002, Roberson levou a filha, Nikki Curtis, ao hospital, alegando tê-la encontrado inconsciente. Médicos suspeitaram de sua versão, afirmando que os sintomas indicavam um trauma craniano causado pela síndrome do bebê sacudido. No entanto, um grupo de 86 pessoas, incluindo políticos e especialistas, enviou uma carta à Comissão de Indultos e Liberdade Condicional do Texas, argumentando que as lesões da criança eram compatíveis com pneumonia não diagnosticada, e não com abuso.
O grupo defende que novas evidências mostram que Nikki morreu devido a complicações da pneumonia, agravadas pelo uso de medicamentos inadequados. O grupo alega que os médicos se preocuparam mais em diagnosticar abuso infantil, baseados nos sintomas típicos da síndrome do bebê sacudido, sem considerar doenças ou quedas que poderiam ter causado os mesmos sinais.
Evidências coletadas desde 2003 mostraram que a pneumonia não diagnosticada teria progredido para sepse, e levado à morte da criança. Os medicamentos, que não deveriam ter sido utilizados, dificultaram a respiração, segundo Gretchen Sween, advogada de Roberson, relatou à AP.
Em 2022, um juiz rejeitou a hipótese de que pneumonia causou a morte de Nikki, e, em 2023, o tribunal permitiu que o processo de execução de Roberson prosseguisse, e a data para a injeção letal fosse marcada para esta quinta-feira, 17. A situação gerou debate nos Estados Unidos sobre o diagnóstico da síndrome do bebê sacudido, e como os sintomas podem ser confundidos.
O ex-detetive Brian Wharton, que participou da acusação de Roberson, agora acredita que ele é inocente e apelou publicamente contra a execução. Ele visitou Roberson no corredor da morte e se arrependeu de seu papel no caso. Já a deputada Lacey Hull, que apoia a clemência, disse que, se houver qualquer dúvida sobre a culpa de Roberson, ele não deve ser executado.
Pela lei do Texas, o governador pode suspender uma execução por até 30 dias, mas uma clemência completa depende da recomendação da Comissão de Indultos e Liberdade Condicional. Casos de clemência são raros, e, desde 2015, apenas um prisioneiro no corredor da morte teve sua pena comutada pelo governador Greg Abbott.
Nem a comissão nem o governador se pronunciaram sobre o caso de Roberson até o momento.