A nação centro-asiática do Quirguistão mergulhou ainda mais no caos nesta quarta-feira, quando facções rivais de oposição aprofundaram uma disputa de poder, um dia depois de invadirem edifícios do governo e forçarem a renúncia do primeiro-ministro e a anulação de uma eleição parlamentar.
Isolado pela queda do governo do premiê Kubatbek Boronov na terça-feira, o presidente Sooronbai Jeenbekov pediu conversas entre todas as partes em um comunicado emitido nesta quarta-feira, reiterando sua disposição para mediar.
Representantes de oito partidos se reuniram na sede do governo no entardecer local desta quarta-feira para tentar resolver suas diferenças, mas várias facções grandes estavam ausentes, e dois candidatos rivais ao posto de primeiro-ministro emergiram.
Dois presidentes foram depostos no Quirguistão nos últimos 15 anos, e a Rússia, uma aliada de longa data, expressou preocupação à medida que os protestos se espalharam por todo o país na esteira da votação de domingo.
O Quirguistão faz divisa com a China e sedia tanto uma base militar russa quanto uma grande operação de mineração de ouro de propriedade canadense.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira que Moscou está em contato com todos os lados do conflito e que espera que o processo democrático seja restaurado em breve. O Ministério das Relações Exteriores da China disse estar muito preocupado com a situação.
O Comitê Nacional Estatal de Segurança do Quirguistão disse em um comunicado que Omurbek Suvanaliyev, um agente de segurança veterano que assumiu como seu chefe interino, conversou nesta quarta-feira com Alexander Bortnikov, chefe do Serviço Federal de Segurança russo, para debater a situação quirguiz.
Um total de 16 partidos participou da eleição de domingo, e 11 se recusaram a aceitar os resultados, que concederam a vitória a dois grupos do establishment. Vendo os protestos crescerem, a comissão eleitoral anulou a votação.
Ao menos três grupos diferentes já tentaram reclamar a liderança. O primeiro foi o Conselho de Coordenação, criado na terça-feira e composto principalmente por partidos políticos estabelecidos que se opõem a Jeenbekov.
Outro grupo que se chama de Conselho de Coordenação Popular emergiu nesta quarta-feira, unindo cinco partidos de oposição menos conhecidos cujos líderes nunca ocuparam postos de alto escalão no governo e clamando por um expurgo da elite.