A brasileira Rafaela Treistman, que estava no festival de música eletrônica Universo Paralello, realizado próximo da fronteira de Israel com a faixa de Gaza, no momento do ataque do Hamas na região, deu detalhes do incidente que resultou na morte do namorado, Ranani Glazer. Os dois conseguiram fugir para um bunker, mas o abrigo, segundo ela, foi alvo de bombas de gás.
Um especialista em armas consultado pela CNN examinou o bunker na segunda-feira, 9, e identificou evidências de que militantes do Hamas haviam lançado uma granada e atirado contra civis abrigados no local.
Cartuchos vazios estavam espalhados pelo chão, e buracos de bala marcavam as paredes. O especialista concluiu que os buracos eram consistentes com tiros, levando em consideração sua localização, altura, padrão e tamanho.
Namorada de brasileiro estava no bunker
Rafaela Treistman descreveu os momentos de pânico que ela e Ranani Glazer vivenciaram durante o ataque do Hamas. Eles estavam no festival no sul do país quando começaram a ver mísseis no céu. Em busca de segurança, encontraram um bunker, mas o local logo se encheu de pessoas, tornando impossível se mover.
“Fomos para uma estrada e vimos que em um ponto de ônibus tinha um bunker. Aí a gente achou que ia ficar tudo bem, já que no bunker os mísseis não seriam problemas. Mas começou a entupir de gente o bunker. Não sei dizer quantas, só não dava para se mexer no espaço que a gente estava”, relatou, segundo a CNN.
Rafaela relatou o lançamento de bombas de gás em direção ao bunker, causando pânico entre os ocupantes. Muitos ficaram feridos ou perderam a vida. "Havia vários feridos e mortos dentro do bunker. Não tínhamos como sair, tentamos ligar para a polícia, enfim, se defendendo literalmente com os corpos das pessoas que morreram", disse.
"Em algum momento não vi mais meu namorado. Não sei se ele levantou ou chegou a sair. Não vi mais ele, estava muito desorientada. Desmaiava muito por conta do gás". A polícia chegou ao local para verificar a situação das pessoas e Rafaela e o amigo deixaram o bunker, mas não encontraram mais Ranani.
"Eu não lembro direito das coisas. Sei que em uma hora ele estava comigo, estávamos em um canto, abraçados, e em outra hora ele não estava mais. Eu estava tão desorientada que perguntava para uma menina que estava do meu lado ‘Ranani, é você?’. E ela não respondia", contou.