Um holandês libertado do cativeiro no Mali por soldados franceses nesta semana descreveu sua luta para permanecer mentalmente e fisicamente bem durante os três anos e meio que passou dormindo no deserto como refém da Al Qaeda.
Em sua primeira declaração desde que foi libertado na segunda-feira, Sjaak Rijke disse que os anos de cativeiro foram difíceis, embora tenha sido tratado adequadamente na maioria das vezes pelos seus sequestradores.
"Os últimos anos foram difíceis, tanto fisicamente como mentalmente", disse ele em comunicado divulgado por meio do Ministério das Relações Exteriores holandês nesta quinta-feira em que ele também pediu privacidade enquanto se recupera do episódio junto à sua família.
"A vida no deserto é difícil, a comida é escassa e muitas vezes é monótono. Vai levar um tempo até eu querer ver massa de novo", acrescentou.
Os anos de cativeiro deixaram marcas no homem de 54 anos, que havia trabalhado como maquinista de trem na Holanda, antes de ser sequestrado em Timbuktu em 2011 durante as férias com sua esposa.
"Dormir na areia, sentar na areia. Não estou entre os mais jovens, os membros ficam mais rígidos", disse ele, acrescentando que havia improvisado exercícios e esportes para manter a forma.
"Não sei quanto tempo mais eu teria sobrevivido. Quero agradecer às tropas de elite francesas que me libertaram", acrescentou. "Eu estou vivo, e eu sou livre."
As forças francesas mataram dois militantes e capturaram outros dois num ataque na segunda-feira contra o grupo militante ligado à Al Qaeda.
A França liderou uma intervenção militar em 2013 contra os islâmicos que haviam tomado o deserto no norte do país um ano antes, após um levante de tuaregues e um golpe militar em Bamako, a capital.
Desde então, o país criou uma força de 3.000 homens para rastrear militantes islâmicos através de uma faixa árida que se estende por cinco países, do Chade, no leste, à Mauritânia, no oeste.
Embora a França tenha expulsado combatentes de grandes centros populacionais no norte do Mali, remanescentes dos grupos islâmicos continuam a lançar ataques regulares na região.
(Reportagem de Thomas Escritt)