Holandesa de 29 anos recebe permissão para eutanásia por sofrimento mental

Zoraya ter Beek está agora em seus momentos finais de preparação, com sua morte assistida marcada para ocorrer em algumas semanas

17 mai 2024 - 11h35
(atualizado às 11h40)
Zoraya ter Beek
Zoraya ter Beek
Foto: Reprodução/The Free Press

Desde a infância, Zoraya ter Beek, uma holandesa de 29 anos, enfrenta uma dura batalha contra problemas graves de saúde mental. Diagnosticada com depressão crônica, ansiedade, trauma, transtorno de personalidade não especificado e Transtorno do Espectro Autista (TEA), ela passou por uma série de tratamentos intensivos ao longo dos anos.

Apesar dos esforços em psicoterapia, medicação e mais de 30 sessões de eletroconvulsoterapia (ECT), Zoraya não encontrou alívio e continua a se sentir suicida e autoagressiva. Recentemente, ela solicitou ao governo a permissão para realizar a eutanásia, que deve ocorrer nas próximas semanas.

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A história de Zoraya ganhou destaque pela primeira vez em abril deste ano pela rede The Free Press. Em suas palavras, a decisão pela eutanásia veio após seu psiquiatra afirmar que todos os recursos terapêuticos haviam sido esgotados. "Isso nunca vai melhorar", ela lembra da frase do médico. Em entrevista ao jornal The Guardian, Zoraya explicou que, no início do tratamento, ainda tinha esperanças de melhora, mas com o tempo, essa esperança foi se dissipando.

"Na terapia, aprendi muito sobre mim mesma e sobre os mecanismos de enfrentamento, mas isso não resolveu os problemas principais. No início do tratamento, você começa esperançoso. Achei que iria melhorar. Mas quanto mais o tratamento dura, você começa a perder a esperança", relatou. Após dez anos de tratamentos sem sucesso, ela afirma que percebeu que não havia mais nada em que pudesse apostar.

A eutanásia

A decisão de solicitar a eutanásia veio logo após o término das sessões de ECT, em agosto de 2020. Zoraya relata que passou um período aceitando que não havia mais tratamento disponível antes de, em dezembro do mesmo ano, fazer o pedido oficial ao governo. "Eu sabia que não conseguiria lidar com a maneira como vivo agora", disse ao The Guardian, lembrando que já havia considerado o suicídio, mas desistiu após a morte violenta de uma colega de escola e o impacto que isso teve na família.

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A Holanda, pioneira na legalização da eutanásia ativa e do suicídio assistido, permite que uma pessoa solicite a eutanásia se estiver sofrendo de forma insuportável e sem perspectivas de melhora. A lei exige que o pedido seja feito de forma séria e com plena convicção, e que um médico e um especialista independente confirmem o estado do paciente.

Zoraya explicou que o processo é "longo e complicado", desmistificando a ideia de que a eutanásia é concedida rapidamente. Ela enfrentou uma longa espera para a avaliação de seu caso devido à escassez de médicos dispostos a realizar a morte assistida em casos de transtornos mentais. "Você tem que ser avaliado por uma equipe, ter uma segunda opinião sobre sua elegibilidade, e a decisão deles deve ser revisada por outro médico independente", explicou.

Reações e polêmicas

Quando sua história foi publicada pela The Free Press, Zoraya recebeu uma enxurrada de e-mails, principalmente dos Estados Unidos, implorando para que não fizesse isso, dizendo que sua vida era preciosa. "Eu sei que é [preciosa]", respondeu, mas acrescentou que muitas mensagens sugeriam "curas" alternativas ou condenações religiosas, o que ela considerou ofensivo e insensível.

Zoraya está agora em seus momentos finais de preparação, com sua morte assistida marcada para ocorrer em algumas semanas. Ela relatou ao jornal britânico que, apesar de sentir medo e culpa pelo sofrimento que causará a seu parceiro, familiares e amigos, ela está absolutamente determinada. A equipe médica irá à sua casa na pequena cidade próxima à fronteira com a Alemanha, onde ela vive com seus dois gatos, para realizar o procedimento.

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"Para mim, será como adormecer. Meu parceiro estará lá, mas eu disse a ele que está tudo bem se ele precisar sair da sala antes do momento da morte", diz a holandela. 

Fonte: Redação Terra
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