A líder de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou nesta quarta-feira (4) a retirada de um projeto de lei de extradição que desencadeou meses de protestos e mergulhou a cidade controlada pela China em sua pior crise em décadas, disse à Reuters uma fonte a par do assunto. O anúncio, feito durante uma reunião interna com parlamentares pró-establishment e delegados de Hong Kong no Congresso Nacional do Povo da China, ocorreu dois dias depois de a Reuters revelar que Lam disse a líderes empresariais que causou um "dano imperdoável" ao apresentar o projeto de lei e que, se tivesse escolha, pediria desculpas e renunciaria, de acordo com uma gravação de áudio vazada.
Os protestos contra o projeto de lei da ex-colônia britânica começaram em março, mas cresceram em junho e desde então se tornaram um clamor por mais democracia.
O projeto de lei teria permitido extradições à China continental, onde os tribunais são controlados pelo Partido Comunista.
Não ficou claro de imediato se a retirada do projeto de lei ajudará a acalmar os ânimos. A reação imediata pareceu ser de ceticismo, e o verdadeiro teste será quantas pessoas irão continuar indo às ruas.
Muitas estão furiosas por causa da percepção da brutalidade policial e o número de prisões de manifestantes (1.183 na última conta), e querem um inquérito independente.
"Isto não acalmará os manifestantes", disse Boris Chen, de 37 anos, que trabalha com serviços financeiros. "Em qualquer época, as pessoas encontrarão algo com que possam se revoltar".
Pearl, de 69 anos, disse que os protestos não dizem mais respeito ao projeto de lei. "Alguns destes caras podem mudar de ideia, talvez, mas só uma minoria", disse ela sobre os manifestantes. "Alguns deles só querem criar problemas, e continuarão a fazê-lo".
Joshua Wong, líder dos protestos pró-democracia de 2014 e precursor dos tumultos atuais, afirmou em sua página de Facebook: "Muito pouco e tarde demais".
Na reunião a portas fechadas com líderes empresariais na semana passada, Carrie disse que hoje tem um espaço de manobra "muito limitado" para resolver a crise porque os tumultos se tornaram uma questão de segurança nacional e soberania para a China em meio às tensões com os Estados Unidos.
O índice de referência Hang Seng, de Hong Kong, disparou após a reportagem sobre a retirada iminente do projeto de lei, assim como o índice imobiliário.
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