Índice revela que Brasil lidera luta contra a escravidão na América Latina

16 out 2013 - 21h05
(atualizado às 21h08)

O Brasil lidera a luta contra a escravidão na América Latina, apesar de ainda haver no país cerca de 200 mil pessoas escravizadas, segundo o índice mundial de escravidão divulgado pela primeira vez nesta quarta-feira.

Esta lista, divulgada em Londres e elaborada pela Fundação Walk Free, indica que o Brasil ocupa o 94º lugar no mundo em número de escravos em relação com sua população, atrás de outros países latino-americanos "de alto risco". Os autores do ranking, que espera motivar políticas de erradicação da escravidão, destacam o trabalho do Brasil para acabar com essa prática, "reconhecendo sua existência e fomentando o debate".

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O país latino-americano com mais escravos, neste caso crianças, é o Haiti, que se situa no segundo lugar geral, atrás da Mauritânia, que, com uma população de apenas 3,8 milhões de habitantes, possui 150 mil pessoas escravizadas, em um sistema hereditário "profundamente enraizado". No terceiro lugar da lista está o Paquistão, seguido da Índia e do Nepal, em um índice dominado pelos países africanos e que contabiliza 29,8 milhões de escravos no mundo todo.

Com exceção do Haiti, a América Latina não tem nenhum outro país entre os 50 primeiros, mas vários entre os 100 primeiros: além do Brasil, estão Peru (65º), Equador (69º), Uruguai (72º), Colômbia (73º), Paraguai (74º), Venezuela (75º), Bolívia (76º), República Dominicana (79º), Chile (89º) e El Salvador (95º). Posteriormente aparecem Guatemala (101º), México (107º), Nicarágua (108º), Honduras (110º) e Argentina (122º).

"Grande risco"

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Os autores destacam que a região centro-americana e do Caribe é "de grande risco", pois é "uma zona de passagem-chave para os migrantes econômicos que tentam entrar nos Estados Unidos".

"A débil proteção dos direitos humanos, a contraditória aplicação da lei e a discriminação contra as vítimas aumentam o risco de escravidão, com Venezuela, Colômbia, Guiana e Honduras mostrando o maior risco", afirmam. "Como porta de entrada da América do Sul e Central aos EUA, o México tem uma economia criminosa altamente desenvolvida que se alimenta dos migrantes econômicos", constatam os autores.

"Seria reconfortante pensar que a escravidão é uma relíquia da história, mas continua sendo uma cicatriz na humanidade em todos os continentes", declarou em comunicado o diretor-geral da Fundação Walk Free, Nick Grono.

Um dos autores do índice, Kevin Bales, declarou por sua parte que "a maioria dos governos não trata a escravidão com profundidade por um montão de más razões". "Há exceções, mas muitos governos não querem saber nada das pessoas que não podem votar", lamentou, para acrescentar que "as leis existem", mas falta "vontade política".

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"E como os escravos ocultos não podem ser contabilizados, é fácil fingir que não existem", completou.

Monitoramento anual

O índice mundial de escravidão, que será publicado anualmente, é o primeiro deste tipo e "dá a medida mais precisa e completa disponível atualmente" do risco e da extensão da escravidão moderna", assegura a Fundação Walk Free, que combate esta prática.

Para elaborar a lista, foi considerada a combinação de três fatores: a prevalência estimada de escravidão moderna por população, uma medida do casamento infantil e os dados do tráfico de pessoas dentro e fora de um país.

Os autores advertem que a escravidão moderna "toma muitas formas" e tem muitos nomes, como "tráfico humano, trabalho forçado, escravidão ou práticas análogas à escravidão", o que inclui "servidão por dívidas, casamento forçado ou servil e venda ou exploração de crianças, incluindo durante os conflitos armados".

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As vítimas da escravidão de hoje em dia, explicam, "estão privadas de liberdade e são utilizadas, controladas e exploradas por outra pessoa por lucro, sexo ou pela emoção da dominação".

  
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