O Irã lançou uma onda de drones contra Israel neste sábado (13/4), segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF) e segundo o próprio governo iraniano, em uma represália que já era esperada.
O Irã havia prometido retaliar depois de um ataque ao seu consulado na Síria, no dia 1º de abril, que matou vários comandantes iranianos e que foi atribuído à Israel.
As IDF disseram que a onda de ataques pode levar horas para chegar a Israel, a uma distância de 1.800 km. As forças israelenses estão em alerta máximo e "monitorando todos os alvos".
Sirenes foram ativadas em Jerusalém às 1h45 do horário local (19h45)
Explosões foram ouvidas enquanto o sistema de defesa aéreo derrubava os drones direcionados para a cidade. As diversas interceptações iluminaram o céu.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que os "sistemas defensivos" de Israel estão funcionando e que estão prontos para qualquer cenário.
"Estamos prontos para qualquer cenário, tanto defensivamente como ofensivamente. O Estado de Israel é forte. As FDI são fortes. O público é forte", afirmou Netanyahu.
"Agradecemos a posição dos EUA ao lado de Israel, bem como o apoio da Grã-Bretanha, da França e de muitos outros países", disse ele.
Uma porta-voz da Casa Branca disse que o presidente americano Joe Biden está recebendo atualizações sobre a situação e que o apoio do país à Israel é total.
"O presidente Biden foi claro: o nosso apoio à segurança de Israel é inflexível. Os Estados Unidos estarão ao lado do povo de Israel e apoiarão a sua defesa contra estas ameaças do Irã", disse Adrienne Watson, porta voz de Segurança Nacional dos EUA.
Militares americanos derrubaram alguns dos drones direcionados à Israel, segundo dois oficiais americanos que deram entrevista à rede CBS News.
Em um comunicado oficial, o Irã afirmou que o ataque foi nomeado "Operação Promessa Verdadeira" e disse que lançou "dezenas de mísseis e drones contra alvos específicos" em Israel.
A declaração militar do Irã diz que o ataque está relacionado a "crimes repetidos" de Israel, incluindo o ataque em 1º de abril ao consulado iraniano, que Teerã atribuiu a Israel.
Por causa dos ataques, os espaços aéreos foram fechados em todo o Oriente Médio.
A Jordânia, o Líbano e o Iraque, três países localizados na provável trajetória de voo destes drones, fecharam o seu espaço aéreo.
O Irã e Israel também fecharam os seus para todos, exceto aeronaves militares.
Desdobramento da guerra em Gaza
Entre os inúmeros desdobramentos da guerra de Israel contra o Hamas na Faixa Gaza, a intensificação da inimizade entre Israel e o Irã é considerada a mais explosiva, escreve a correspondente internacional da BBC Lyse Doucet.
Os países tem uma grande rivalidade há anos, o que já deixou um grande número de mortos, muitas vezes em ações secretas em que nenhum dos governos admite sua responsabilidade.
Desde que a guerra em Faza eclodiu há seis meses, Israel intensificou os seus movimentos contra o Irã, não apenas atacando o fornecimento de armas e infra-estruturas na Síria, mas assassinando altos comandantes da EGRI e do Hezbollah (organização política e paramilitar fundamentalista islâmica, criada no Irã e presente no Líbano).
O Irã então apreendeu um navio comercial com ligações a Israel na manhã de sábado (13/4), mas analistas já afirmavam que era pouco provável que Teerã considerasse esta uma "resposta apropriada" aos últimos atos de Israel.
O especialista israelense Raz Zimmt, pesquisador sênior do Instituto de Segurança Nacional em Tel Aviv, alertou que Irã agiria com força. "A paciência dos iranianos esgotou-se diante dos reveses atribuídos a Israel", disse o pesquisador na rede social.
Origem da Rivalidade
Israel e Irã estão há anos em uma rivalidade sangrenta que virou uma das principais fontes de instabilidade no Oriente Médio e cuja intensidade varia de acordo com o momento geopolítico.
As relações entre Israel e o Irã foram bastante cordiais até 1979, quando a chamada Revolução Islâmica dos aiatolás conquistou o poder em Teerã.
E embora tenha se oposto ao plano de fatiamento da Palestina que resultou na criação do Estado de Israel em 1948, o Irã foi o segundo país islâmico a reconhecer Israel, depois do Egito.
O Irã era uma monarquia na qual reinavam os xás da dinastia Pahlavi e um dos principais aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio.
Assim, o fundador de Israel e seu primeiro chefe de governo, David Ben-Gurion, procurou e conseguiu a amizade iraniana como forma de combater a rejeição do novo Estado judeu de seus vizinhos árabes.
Mas a Revolução de Ruhollah Khomeini, em 1979, derrubou o xá e impôs uma república islâmica que se apresentava como defensora dos oprimidos e tinha como principais marcas a rejeição ao "imperialismo" americano e a Israel.
Teerã então passou a considerar que Israel não tem o direito de existir.
Os governantes iranianos consideram o país o "pequeno Satanás", o aliado no Oriente Médio dos Estados Unidos, que chamam de "grande Satanás".
Já Israel acusa o Irã de "financiar grupos terroristas" e de realizar ataques contra seus interesses, movidos pelo antissemitismo dos aiatolás.