Israel ameaçou na terça-feira voltar à guerra no Líbano se a trégua com o Hezbollah fracassar, e disse que desta vez seus ataques serão mais profundos e terão como alvo o próprio Estado libanês, após o dia mais mortal desde que o cessar-fogo foi acordado na semana passada.
Em sua ameaça mais forte desde que a trégua foi acertada para pôr fim a 14 meses de guerra com o Hezbollah, Israel afirmou que responsabilizaria o Líbano por não desarmar os militantes que violaram a trégua.
"Se voltarmos à guerra, agiremos com firmeza, iremos mais fundo, e a coisa mais importante que eles precisam saber: que não haverá mais isenção para o Estado do Líbano", disse o ministro da Defesa, Israel Katz.
"Se até agora separamos o Estado do Líbano do Hezbollah... isso não será mais (assim)", declarou ele durante uma visita à área da fronteira norte.
Apesar da trégua da semana passada, as forças israelenses continuaram os ataques no sul do Líbano contra o que dizem ser combatentes do Hezbollah, ignorando o acordo de interromper os ataques e se retirar para além do rio Litani, a cerca de 30 km da fronteira.
Na segunda-feira, o Hezbollah bombardeou um posto militar israelense, enquanto as autoridades libanesas disseram que pelo menos 12 pessoas foram mortas em ataques aéreos israelenses no Líbano.
Katz chamou o ataque do Hezbollah de "o primeiro teste" e descreveu os ataques de Israel como uma forte resposta.
O governo de Beirute tem que "autorizar o Exército libanês a cumprir sua parte, a manter o Hezbollah afastado além do Litani e a desmantelar toda a infraestrutura", disse Katz.
"Se eles não fizerem isso e todo esse acordo entrar em colapso, a realidade ficará muito clara."
Importantes autoridades libanesas pediram a Washington e Paris que pressionem Israel a manter o cessar-fogo, depois de dezenas de operações militares em solo libanês que Beirute considerou violações, disseram duas fontes políticas libanesas seniores à Reuters na terça-feira.
As fontes disseram que o primeiro-ministro interino Najib Mikati e o presidente do Parlamento Nabih Berri, um aliado próximo do Hezbollah que negociou o acordo em nome do Líbano, conversaram com autoridades da Casa Branca e da Presidência francesa na noite de segunda-feira.
Mikati afirmou, segundo agência de notícias libanesa, que as comunicações diplomáticas se intensificaram desde segunda-feira para impedir as violações israelenses do cessar-fogo. Ele também disse que uma campanha de recrutamento estava em andamento pelo Exército libanês para fortalecer sua presença no sul.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA Matt Miller disse aos repórteres na segunda-feira que o cessar-fogo "está se mantendo" e que os EUA "previam que poderia haver violações".
Nem a Presidência francesa nem o Ministério das Relações Exteriores estavam imediatamente disponíveis para comentar. O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, conversou com seu colega israelense Gideon Saar na segunda-feira, dizendo que ambos os lados deveriam aderir ao cessar-fogo.
A trégua entrou em vigor em 27 de novembro e proíbe Israel de conduzir operações militares ofensivas no Líbano, ao mesmo tempo em que exige que o Líbano impeça que grupos armados, incluindo o Hezbollah, lancem ataques contra Israel. Ela dá às tropas israelenses 60 dias para se retirarem do sul do Líbano.