O presidente de Israel, Reuven Rivlin, enviou neste domingo (10) uma carta para a senadora Liliana Segre, 89 anos, sobrevivente do campo de extermínio nazista de Auschwitz, na qual diz estar "horrorizado" com as ameaças digitas que ela tem recebido.
No documento, Rivlin recorda que graças às ofensas antissemitas que Segre foi alvo nas últimas semanas, o Ministério do Interior da Itália precisou designar uma escolta para protegê-la e "garantir sua segurança". "Seria uma grande honra para mim e para o Estado de Israel recebê-la em Jerusalém e em Israel", escreveu o líder.
"Sua missão pessoal, sua força e sua coragem são modelos para nós em Israel e para as comunidades judaicas em todo o mundo", acrescentou Rivlin.
O presidente israelense ainda lamentou "profundamente" que as circunstâncias de sua carta "sejam tão dolorosas". "Não há palavras para expressar adequadamente meu horror e repulsa por você ser exposta a esse comportamento criminoso. Como sobrevivente do Holocausto, viu as consequências terrível e trágicas do antissemitismo se não parar", disse.
Segre foi nomeada senadora vitalícia pelo presidente da Itália, Sergio Mattarella, em janeiro de 2018. Nascida em Milão, em 10 de setembro de 1930, de uma família laica judia, ela tinha apenas 13 anos quando foi deportada para Auschwitz-Birkenau, na Polônia. Ao chegar ao campo de extermínio, Segre foi separada do pai, com quem não voltaria mais a se reunir. Com o número 75.190 tatuado no braço, a jovem fez trabalhos forçados em uma fábrica de munições e, em janeiro de 1945, participou da chamada "marcha da morte", a transferência de prisioneiros da Polônia para a Alemanha.
Segre foi libertada em maio daquele mesmo ano pelo Exército soviético e passou a viver com os avós maternos, os únicos sobreviventes da família. Segundo a senadora, ela ainda recebe cerca de 200 mensagens de ódio por dia nas redes sociais.
"[O caso de Liliana Segre] é apenas outro exemplo terrível da realidade para os judeus na Europa hoje. Mas acho que a resposta mais apropriada é continuar fazendo o que você acredita", afirmou Rivlin.
"Igualdade, direitos humanos, aceitação do outro e tolerância são valores-chave do judaísmo e universais, são os fundamentos sobre os quais nossas vidas se baseiam e sem eles seríamos pessoas sem valor", finalizou.