Israel faz incursão em Gaza com tanques e soldados em 'ataque direcionado'; ONU diz que 'nenhum lugar é seguro'

Militares israelenses informaram que o ataque foi realizado como parte da "preparação para as próximas fases do combate" e "atingiu várias células terroristas, infraestruturas e postos de lançamento de mísseis antitanque

26 out 2023 - 07h33
(atualizado às 10h46)
Imagem de vídeo publicado por militares israelenses mostrando tanques rompendo cerca em Gaza durante o ataque
Imagem de vídeo publicado por militares israelenses mostrando tanques rompendo cerca em Gaza durante o ataque
Foto: IDF / BBC News Brasil

As forças armadas de Israel (IDF) realizaram um "ataque direcionado" durante a noite com tanques de guerra no norte de Gaza.

Militares israelenses informaram que o ataque foi realizado como parte da "preparação para as próximas fases do combate" e "atingiu várias células terroristas, infraestruturas e postos de lançamento de mísseis antitanque".

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"Desde então, os soldados deixaram a área e regressaram ao território israelense", continuaram as IDF.

Enquanto Israel afirma que seus ataques aéreos atingiram 250 alvos do Hamas nas últimas 24 horas, a coordenadora humanitária da ONU afirma que "nenhum lugar é seguro em Gaza".

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, diz que quase 6.500 pessoas foram mortas desde 7 de outubro, quando mais de 1.400 pessoas morreram nos ataques do Hamas contra Israel.

Mais de 200 pessoas ainda são mantidas reféns em Gaza.

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O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse em discurso na televisão local que as forças das FDI ainda estão se preparando para uma invasão por terra, mas não deu nenhuma informação sobre quando isso deve acontecer.

Israel disse para 1,1 milhão de residentes da cidade de Gaza e de outras áreas do norte da faixa deixarem sua casas "para sua própria segurança".

Mas um alto funcionário da ONU disse à BBC que alguns palestinos que fugiram das suas casas no norte de Gaza estão começando a regressar à medida que as condições se deterioram no também sul.

Um homem em Khan Younis, onde boa parte dos refugiados palestinos se concentram no sul da faixa, disse à agência de notícias Reuters: "A região sul é segura (...) Há massacres dia e noite, muitos massacres, onde crianças, jovens, bebês - todo mundo está morrendo".

"Edifícios foram destruídos, árvores foram mortas... não há lugar seguro em toda a faixa de Gaza. O sul está destruído, todas as mortes e deslocamentos ocorrem no sul", continuou.

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'Nenhum lugar é seguro em Gaza'

Esta não é a primeira vez que as IDF confirmam uma incursão para dentro da faixa de Gaza desde 7 de outubro.

Em 13 de outubro, as forças de segurança israelenses anunciaram operações em Gaza pela primeira vez desde os ataques do Hamas, enviando tropas e tanques para atacar integrantes do Hamas que disparam foguetes.

Foi neste dia que Israel alertou residentes do norte para evacuarem rumo ao sul.

Em 22 de outubro, um soldado israelense foi morto e três ficaram feridos por um míssil lançado contra um tanque das FDI durante um ataque à Faixa de Gaza.

Nesta quinta-feira (26/10), coordenadora humanitária da ONU para os palestinos, Lynn Hastings, fez um comentário em resposta ao aviso de Israel para que pessoas evacuem a cidade de Gaza.

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"Para as pessoas que não tem como evacuar - ou porque não têm para onde ir ou porque não podem se movimentar - os avisos prévios não fazem diferença", ela disse.

"Quando as rotas de evacuação são bombardeadas, quando as pessoas do norte e do sul são pegas em ataques, quando faltam elementos essenciais para a sobrevivência e quando não há garantias de regresso, restam às pessoas escolhas impossíveis", continuou. "Nenhum lugar é seguro em Gaza."

Ela acrescentou que o conflito armado deve seguir as regras do Direito Internacional.

"Isso significa que os civis devem ser protegidos e ter o essencial para sobreviver, onde quer que estejam e independentemente de decidirem se mudar ou ficar.

"Isso também significa que os reféns - todos os reféns - devem ser libertados imediata e incondicionalmente".

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A Organização Mundial da Saúde publicou uma lista de suprimentos médicos que afirma estarem prontos e aguardando do outro lado da fronteira de Gaza, no Egito.

Eles incluem equipamento cirúrgico para 3.700 pacientes feridos, serviços de saúde básicos e essenciais para 110 mil pessoas e equipamento médico para 20 mil pacientes que sofrem de doenças crônicas.

A OMS apela ao "acesso imediato e ininterrupto para dentro e por dentro de Gaza" para que possa apoiar o "sistema de saúde em dificuldades" do território.

Nos últimos dias, dezenas de caminhões de ajuda humanitária foram autorizados a entrar em Gaza pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, mas as agências humanitárias dizem que são necessários pelo menos 100 caminhões por dia.

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Caminhões de ajuda no lado egípcio da fronteira, fotografados na terça-feira
Foto: EPA-EFE/REX/Shutterstock / BBC News Brasil

Análise: por que Israel quer que a invasão terrestre pareça iminente

Para o correspondente da BBC Tom Bateman, que está em Jerusalém, as imagens de tanques em território palestino recém-divulgadas por Israel "são exatamente o tipo de coisa que se esperaria antes de uma invasão terrestre — tropas atuando para encontrar e destruir oponentes no seu terreno".

As imagens divulgadas por Israel mostram tanques e escavadoras blindadas dentro de Gaza. O comentário feito pelas forças armadas faz referência a combates no local, embora as imagens não mostrem isso.

As IDF disseram que as tropas se retiraram "no final da ação".

Mas o episódio não traz muitas pistas sobre o momento de uma operação terrestre.

A linguagem usada pelo exército israelense é mais forte do que nas operações anteriores, dizendo que são "parte dos preparativos para as próximas fases do combate".

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Mas a guerra narrativa também é crítica. Israel quer manter a sensação de que uma incursão é iminente por três razões, segundo Bateman:

  • Para impedir que a moral das tropas baixe;
  • Para que o o público doméstico israelense veja que a resposta está chegando;
  • E para manter a pressão sobre o Hamas — especialmente em relação às negociações sobre reféns.
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