Itália anuncia novas regras; restaurantes fecham meia-noite

País vem batendo recordes diários de novas contaminações

18 out 2020 - 17h05
(atualizado às 17h11)

O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, publicou neste domingo (18) um novo decreto com regras mais rígidas para o funcionamento de bares e restaurantes, bem como outros setores considerados não essenciais, para tentar conter o avanço da segunda onda de contágios do novo coronavírus (Sars-CoV-2).

Restaurantes, bares e estabelecimentos do tipo poderão funcionar até meia-noite desde que clientes estejam sentados em mesas
Restaurantes, bares e estabelecimentos do tipo poderão funcionar até meia-noite desde que clientes estejam sentados em mesas
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Em uma coletiva de imprensa, o premiê anunciou as novas medidas e reforçou que, apesar de saber "que ainda temos muito a fazer", "nós nunca abaixamos a guarda".

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"Precisamos continuar a fazer esses sacrifícios até termos um tratamento e uma vacina para proteger a todos nós. Precisamos nos empenhar. A situação é crítica, o governo está aqui, mas cada um de nós precisa fazer a sua parte para vencermos isso", disse Conte.

O fechamento dos estabelecimentos de alimentação e bebidas ocorrerá à meia-noite no caso de serviço na mesa. No entanto, os serviços de atendimento para clientes fora das mesas deve ser encerrado a partir das 18h (hora local).

"As atividades do setor de restaurantes (entre os quais bares, pubs, restaurantes, sorveterias e confeitarias) serão permitidas das 5h às 24h com consumo à mesa, e com um máximo de seis pessoas por mesa, e até às 18h na ausência do consumo à mesa. Fica sempre permitida a atividade dos restaurantes de entrega à domicílio no respeito às normas higiênico-sanitárias seja para produção ou transporte até às 24h", diz o documento.

No entanto, no caso de cidades que registrem um contágio muito elevado, os prefeitos estão autorizados a fechar ruas e praças às 21h para evitar aglomerações, permitindo apenas o funcionamento do comércio ou o acesso dos moradores às suas residências.

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Outro ponto fundamental do decreto é impor aos departamentos e secretarias públicas a terem 75% dos seus funcionários trabalhando de maneira remota, com uma "forte recomendação" para que o setor privado adote a mesma medida. Atualmente, essa meta está em 50%. Também estão suspensas as reuniões de servidores públicos de maneira presencial, bem como eventos de qualquer natureza, salvo necessidade comprovada.

Como prometido, o setor de educação não foi afetado, a princípio. Há apenas a orientação para que universidades e instituições de ensino superior e técnico em geral optem por também utilizar métodos de ensino a distância em alguns dias da semana em caso de "criticidade", desde que o Ministério da Educação seja informado com antecedência.

O ensino de crianças e adolescentes continua sendo permitido de maneira presencial e em tempo integral.

"A escola tendo aulas presenciais é uma das bases do nosso plano", acrescentou Conte.

Apenas a Campânia anunciou a suspensão das aulas presenciais por 15 dias, mas o Ministério da Educação tenta pressionar o governador Vincenzo De Luca a voltar atrás na medida.

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Porém, nos dois setores, o governo italiano pediu para que sejam criados horários escalonados para os funcionários para não provocar aglomerações nos transportes públicos. Haviam rumores de que haveriam novas regras para os transportes, mas a ministra da Pasta, Paola De Micheli, disse que em comum acordo com as empresas, haverá um maior controle para regular os fluxos de passageiros com base "no bom senso".

Já as atividades esportivas sofreram alterações. Estão proibidos torneios amadores de esportes de contato, incluindo de crianças, sendo permitido apenas treinos individuais. O esporte profissional italiano não sofreu nenhum tipo de alteração.

Atividades em locais fechados, como ginásios e piscinas, terão uma semana para se adequar aos protocolos. Caso não haja melhora, ambos serão fechados a partir da próxima semana. Essa questão foi uma das mais polêmicas, já que não havia consenso nem entre os ministros.

Na parte de entretenimento, ainda há a regulamentação de horário - das 8h às 21h - para salas de jogos, bingos ou apostas.

Conte anunciou que o país produzirá 20 milhões de máscaras de proteção facial para serem distribuídas gratuitamente em escolas e para as pessoas que necessitadas e ainda pediu que os italianos sigam os protocolos sanitários como manter o distanciamento social, usar as máscaras sempre que saírem de casa e lavar as mãos.

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- Reuniões intensas:

As decisões anunciadas no novo decreto foram debatidas durante todo o fim de semana entre o governo e seus ministros e contaram com intensas discussões com todos os governadores das regiões italianas e entidades representantes dos setores.

Além disso, fica mantida que a autorização para que as regiões possam tomar outras medidas pontuais mais restritivas, caso seja necessário. O que não pode ser feito é aplicar regras menos rígidas do que as definidas pelo decreto.

Segundo fontes políticas, um dos pontos de maior discussão entre Roma e os governadores foi sobre como definir as restrições para o setor de bares e restaurantes, um dos mais afetados durante o lockdown de março a maio. A ideia do governo era atacar os setores considerados não essenciais nesse momento para evitar o mínimo de danos possíveis aos setores considerados prioritários: trabalho, com nenhum tipo de proibição de atuação, e de estudo - que teve o ano letivo reiniciado em 14 de setembro.

Outro ponto de intenso debate foi a questão do esporte amador, em uma queda de braço onde o governo queria fechar ginásios e estádios fechados e os governadores não queriam. Ficou decidido que nada muda por enquanto até a próxima semana.

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Desde o dia 14 de outubro, a Itália vem batendo recordes diários de novos casos de Covid-19, em números muito mais altos do que os registrados no que era considerado o ápice da crise sanitária - entre os meses de março e maio.

Apesar da cota de contágios estar em mais de 10 mil nos últimos três dias, a quantidade de óbitos não está no patamar da primeira onda. No entanto, preocupa a quantidade de pessoas internadas em unidades de terapia intensiva: atualmente, são 750 - sendo que o número chegou a ficar na casa dos 40 no início de agosto. .

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