O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, recebeu em Roma nesta sexta-feira (17) seus homólogos espanhol, Pedro Sánchez, e português, António Costa, para debater a defesa da União Europeia e as questões ligadas à energia por conta da guerra na Ucrânia. De maneira virtual, também participou o premiê da Grécia, Kyriakos Mitsotakis.
Draghi voltou a defender um dos temas que mais reforça desde que assumiu o cargo no ano passado, de que o bloco europeu precisa fazer mais investimentos em defesa e segurança de maneira própria - não dependendo apenas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
"Na reunião de hoje, nós confirmamos nossa plena convergência também no papel da 'Bússola Estratégica' como contribuição para o percurso em direção a uma defesa europeia. A guerra na Ucrânia demonstrou como isso se tornou um objetivo essencial, a ser perseguido em tempo muito rápido e fundamental, em plena complementação com a Otan. Uma defesa europeia mais forte, torna a Otan mais forte", disse o premiê italiano.
Sobre as questões de energia - tanto a diminuição do fornecimento do gás natural russo como o aumento nos preços das fontes energéticas atualmente utilizadas -, Draghi pontuou que é preciso "intervir rapidamente" para ajudar as famílias a passarem por esse momento difícil. Até mesmo antes da guerra na Ucrânia, a alta nos valores de combustíveis e energia elétrica já preocupava os governos europeus, que debatiam novas regras para subsidiar as pessoas.
"Precisamos intervir rapidamente porque em todos nós há uma sensação de que é preciso fazer alguma coisa mais substancial, significativa e imediatamente. Precisamos apoiar o poder de compra das famílias, sobretudo das mais vulneráveis, e das nossas empresas", ressaltou.
O anfitrião do encontro ainda reforçou que essas respostas precisam ser "europeias" e que a reunião entre os líderes "demonstram que os nossos países querem ser protagonistas dessa resposta europeia".
Sánchez seguiu na mesma linha de Draghi e reforçou que a coisa "mais importante é dar respostas europeias a problemas europeus".
"Não pode ser que as consequências da guerra, que se traduz em uma volatilidade insuportável da energia, seja sentida de maneira diferente em cada um dos países [da UE]. Todos os Estados europeus devem ser atingidos de maneira equivalente por uma crise energética provocada por uma só pessoa, [Vladimir] Putin. Precisamos dar uma resposta europeia e não 27 respostas diferentes para um problema comum", pontuou o espanhol.
Já Mitsotakis afirmou que espera que a reunião do Conselho do bloco na próxima semana "tome decisões que mostrem uma frente comum no plano de economia [...] e que seja aprovado um texto ambicioso".
"Para enfrentar um desafio desse tipo precisamos de uma resposta comum da União Europeia. Nenhum país pode enfrentar sozinho uma crise dessas. Quando os preços do aquecimento se multiplicam por cinco ou seis, a resposta não pode ser só nacional. As políticas europeias devem ser amortizar o combate das tensões especulativas. A crise energética é um perigo que ameaça a retomada após a pandemia e essa crise pode acordar o problema do populismo", destacou o grego.
O português Costa também seguiu pelo mesmo caminho e lembrou que "o desafio da Covid é um bom exemplo no qual a Europa junta pode responder a crises globais".
"Nós soubemos responder e soubemos fazer no plano sanitário, por meio da produção de vacinas, e sobre os planos econômicos com medidas que permitiram superar essa crise de maneira muito melhor do que as crises precedentes. Agora, a Europa soube responder também à guerra desencadeada pela Rússia ao invadir a Ucrânia e a resposta foi com sanções, com apoio à Ucrânia e a solidariedade a milhões de ucranianos", ressaltou. .