O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, afirmou nesta segunda-feira (20) que o governo estuda a hipótese de nacionalizar a empresa Autostrade per l'Italia, concessionária responsável pela Ponte Morandi, que desabou na semana passada, em Gênova, deixando 43 mortos.
Desde o desastre, cujas causas ainda estão sendo investigadas, o gabinete do primeiro-ministro Giuseppe Conte vem apontando as armas contra a companhia, com membros do governo afirmando até que não seria possível "esperar os prazos da Justiça".
"Estamos estudando [a nacionalização] e trabalhando, seguramente não daremos os presentes que alguns deram no passado", afirmou Salvini, que se disse ainda "desconcertado" com a "indiferença" da Autostrade.
O governo italiano também busca uma forma de revogar a concessão da empresa na rodovia A10, onde ficava a Ponte Morandi. "Serão necessárias algumas semanas", acrescentou Salvini, ressaltando que a Autostrade tem o "dever" de reconstruir o trecho que desabou.
"Me parece que a culpa da Autostrade é absolutamente evidente, independentemente das evidências processuais dos próximos anos", disse. A concessão da empresa foi renovada em 2008, durante um dos governos de Silvio Berlusconi, com os votos da própria Liga, partido de Salvini.
Fruto de uma privatização no fim dos anos 1990, a Autostrade per l'Italia é hoje uma companhia de capital aberto e faz parte do grupo Atlantia, controlado pela família Benetton. No Brasil, a Atlantia opera, ao lado do grupo Bertin, mais de 1,5 mil quilômetros em rodovias.