Os portos italianos não podem ser considerados seguros por causa da epidemia do novo coronavírus e não deixarão navios de imigrantes operados por instituições de caridade atracarem, decretou o governo.
A decisão foi tomada na noite de terça-feira depois que um navio operado pelo grupo não governamental alemão Sea-Eye recolheu cerca de 150 pessoas no litoral da Líbia e seguiu rumo à Itália.
"Durante toda a emergência nacional de saúde causada pela disseminação do vírus da Covid-19, os portos italianos não podem garantir os requisitos necessários para serem classificados e definidos como um local seguro", informou o decreto.
A emergência nacional deve vigorar até 31 de julho, mas o prazo pode ser prorrogado.
O decreto de terça-feira foi assinado pelos ministros do Interior, das Relações Exteriores e dos Transportes, além do titular da Saúde, Roberto Speranza, saído de um partido de esquerda que sempre apoiou a proteção aos imigrantes e operações humanitárias.
Após uma diminuição relativa nas chegadas de navios de imigrantes da África, os números começaram a subir novamente nos dois primeiros meses do ano, mas recuaram acentuadamente em março, quando a Itália foi atingida pela epidemia de coronavírus.
Um total de 17.127 pessoas já morreram do vírus no país, a cifra mais alta do mundo, e 135.586 casos foram confirmados desde que o surto veio à tona no dia 21 de fevereiro.
Navios de instituições de caridade que patrulham frequentemente o litoral da Líbia para tentar resgatar imigrantes de barcos frágeis inicialmente se retiraram do Mediterrâneo no começo da crise de saúde, mas o navio Alan Kurdi da Sea-Eye voltou à área na semana passada.
"Mesmo que a vida na Europa quase tenha parado, os direitos humanos precisam ser protegidos", disse o grupo em um tuíte na terça-feira, anunciando que resgatou 150 pessoas. "Agora nossos convidados precisam de um porto seguro."
Em um comunicado separado, a entidade pediu à Alemanha que receba os imigrantes. "Afinal, a Alemanha é nosso Estado de origem", disse, acrescentando que Berlim acaba de repatriar 200 mil cidadãos retidos no exterior por causa do coronavírus.
"Certamente deve ser concebível e humanamente possível enviar um avião para 150 pessoas que buscam proteção ao sul da Europa para retirar as pessoas imediatamente."