O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, participou nesta terça-feira (8) de uma reunião conjunta das comissões de Exterior e Defesa do Parlamento e afirmou que o governo do país trabalha para evitar o risco de um aumento na violência na questão da Ucrânia.
"A crise ucraniana está no centro da agenda europeia e internacional do governo. Trabalhamos para evitar o risco preocupante de uma escalada militar. Essa se juntaria às consequências pesadas - em termos humanitários, geopolíticos e econômicos - de um conflito aberto já há quase uma década nas fronteiras europeias a só dois mil quilômetros de Trieste. Um conflito que desde 2014 até hoje causou 15 mil vítimas entre militares, combatentes e civis, além de um milhão e meio de refugiados internos na Ucrânia, e 500 mil na Rússia", disse Di Maio.
A fala refere-se ao início dos conflitos entre Kiev e Moscou entre o fim de 2013 e início de 2014, quando de um lado havia interesse na adesão ucraniana à União Europeia e do outro um governo aliado aos russos. A crise culminou com a adesão unilateral da Crimeia ao território russos e um conflito na chamada área de Donbass, onde separatistas pró-russos continuam em estado de alerta mesmo com um "cessar-fogo" desde 2015.
Di Maio reforçou que a Itália "sempre defendeu e apoiou a integridade territorial e a plena soberania da Ucrânia".
"Firmeza, coerência, lealdade são pontos firmes da ação que conduzimos de maneira conjunta com nossos parceiros ocidentais e aliados. Nós aderimos à posição de não reconhecimento da anexação ilegal da Crimeia, a qual, no dia 26 de fevereiro, ocorre tristemente o oitavo aniversário", acrescentou.
O chanceler italiano reforçou que a posição do governo é "encontrar uma solução pacífica [...] em linha com os Acordos de Minsk [de 2015] até atingir o restabelecimento do controle ucraniano na fronteira com a Rússia".
"É preciso avançar na aplicação do pacote de Minsk. Isso vale para aspectos humanitários e de segurança que estão, sobretudo, na liderança de Moscou e das entidades do Donbass: cessar-fogo, retiro das armas pesadas e das formações armadas ilegais ou estrangeiras. E também atinge compromissos políticos, que recaem principalmente sobre Kiev: reforma constitucional para a descentralização, especialmente, nas regiões de Donetsk e Lugansk, eleições locais e anistia", pontuou Di Maio.
Lembrando que Moscou continua "indispensável" no fornecimento de gás natural para toda a Europa, o ministro italiano defendeu as conversas na União Europeia para criar sanções "sustentáveis, graduais e proporcionais" em caso de agressão russa.
"Estamos trabalhando no âmbito europeu em uma implementação de possíveis sanções de várias naturezas e intensidades [...] para demonstrar para Moscou os elevadíssimos custos e as consequências que uma ofensiva teria", acrescentou.
Diversos são os governos internacionais que buscam, por meio de reuniões, atenuar as tensões que aumentam semana após semana entre russos e ocidentais. Enquanto EUA, Reino Unido e UE alertam para uma possível invasão militar de Moscou na Ucrânia, os russos afirmam que só estão reposicionando suas tropas nas áreas de fronteira para garantir sua segurança. .