Jimmy Carter, o ex-presidente dos Estados Unidos que teve apenas um mandato, mas grandemente admirado por seu trabalho humanitário após deixar a Casa Branca, foi homenageado nesta quinta-feira durante seu funeral de Estado como um homem que colocou a honestidade e a gentileza acima da política partidária.
Centenas de pessoas, incluindo o presidente Joe Biden e os quatro ex-presidentes dos EUA vivos, lotaram a Catedral Nacional de Washington, onde o caixão de Carter, coberto com uma bandeira do país, foi homenageado por uma guarda militar de honra.
Biden elogiou Carter, que morreu no dia 29 de dezembro, aos 100 anos de idade, dizendo que a vida de Carter "foi a história de um homem que nunca deixou que as marés da política o desviassem da sua missão de servir e moldar o mundo".
"O homem tinha caráter", afirmou Biden. "Ele nos mostrou como o caráter e a fé começam em nós e depois fluem para os outros."
Dezenas de milhares de norte-americanos visitaram nos últimos dois dias o Capitólio para se despedir de Carter, que governou entre 1977 e 1981, mas acabou punido por uma economia vacilante e a crise dos reféns no Irã. Muitas pessoas o homenagearam como um exemplo de decência e humildade contra a ganância da atual política totalmente partidária.
Donald Trump -- um ex-presidente que voltará ao cargo no dia 20 de janeiro -- estava entre as estrelas do funeral. Antes de a cerimônia começar, ele entrou na catedral com a sua mulher, Melania. Trump cumprimentou seu ex-vice Mike Pence, com quem teve rusgas depois de Pence se recusar a cooperar com suas tentativas de reverter sua derrota eleitoral em 2020.
Trump se sentou ao lado do ex-presidente Barack Obama, com quem conversou quando a música inicial tocava. À direita do democrata estavam Laura e George W. Bush e, em seguida, Hillary e Bill Clinton.
Biden e a primeira-dama, Jill, entraram de mãos dadas e se sentaram na primeira fileira, ao lado da vice-presidente, Kamala Harris, e de seu marido, Douglas Emhoff.
Carter nasceu como um produtor de amendoins na Geórgia, onde foi governador entre 1971 e 1975. Ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2022 por causa de seu trabalho humanitário.
Um de seus netos, Jason Carter, disse que o homem que chamava de "Paw-paw" e sua avó, Rosalynn Carter, morta em 2023, permaneceram sempre humildes e fiéis aos seus valores, escolhendo ficar na modesta casa na cidade de Plains.
"Sim, eles passaram quatro anos na mansão do governador e quatro anos na Casa Branca, mas os outros 92 anos, passaram em casa em Plains, Geórgia", disse.
Será na cidade que o ex-presidente será enterrado.
"Nunca vi diferença entre sua face pública e a privada. Ele era a mesma pessoa, a despeito de onde estivesse. Para mim, essa é a definição de integridade. Essa honestidade era acompanhada pelo amor", acrescentou.
Jimmy Carter chegou à Casa Branca ao derrotar o presidente republicano Gerald Ford na eleição de 1976, anos após o escândalo Watergate, protagonizado por Richard Nixon. Antigos rivais políticos, eles formaram uma duradoura amizade, e Carter elaborou um elogio fúnebre a Ford após sua morte, em 2006.
O filho de Ford, Steven, leu nesta quinta-feira um elogio fúnebre que seu pai havia escrito em retribuição para Carter.
"Jimmy e eu nos respeitávamos como adversários antes mesmo de gostarmos um do outro como queridos amigos. Jimmy conhecia minhas vulnerabilidades políticas e as apontou com sucesso. Eu não gostava disso, mas mal podia imaginar que o resultado daquela eleição de 1976 me daria uma das minhas amizades mais profundas e duradouras", escreveu.