Jornalista italiana foi interrogada por 10 horas seguidas no Irã

Cecilia Sala disse que não pretende voltar ao país persa

19 jan 2025 - 18h36
(atualizado às 19h17)

A jornalista italiana Cecilia Sala, que passou 20 dias presa em isolamento no Irã, revelou neste domingo (19) que era interrogada com um capuz na cabeça e que ela lia ingredientes de embalagens para passar o tempo na cela.

Cecilia Sala passou 20 dias presa no Irã
Cecilia Sala passou 20 dias presa no Irã
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

    Em 7 de janeiro, um dia antes de ser libertada, a repórter foi "interrogada por 10 horas seguidas", conforme ela mesmo contou em entrevista ao programa "Che tempo che fa", da emissora italiana Nove.

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    "Eu era interrogada encapuzada e com a cara para a parede. Em um interrogatório, eu desabei, e me deram um comprimido para me acalmar. Era sempre a mesma pessoa que me interrogava, em inglês perfeito. Entendi que ela conhecia muito bem a Itália", detalhou Sala, que voltou para Roma em 8 de janeiro.

    A jornalista também relatou que chegou a pedir uma versão em inglês do Corão, o livro sagrado do Islã, para ter algo para ler na cela. "Eu pensava que não me negariam esse livro em uma penitenciária de segurança máxima no Irã, mas me negaram. Eu passava o tempo contando os dedos, lendo ingredientes em embalagens", salientou.

    Sala garantiu que não voltará ao Irã enquanto o país for uma teocracia islâmica e lamentou pelas pessoas que continuam presas por ordem do regime, "que não têm a sorte de ter por trás um país que te protege e cuida de você".

    Durante o período na prisão, a única notícia que a italiana recebeu dos carcereiros foi sobre a morte do ex-presidente dos Estados Jimmy Carter, em 29 de dezembro. O democrata governava os EUA na crise dos reféns na embaixada americana em Teerã, em 1979. "Ali eu entendi que era uma refém", disse Sala.

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    A repórter foi presa em 19 de dezembro de 2024, sob a acusação vaga de violar as leis islâmicas do Irã, três dias depois de a Itália deter o iraniano Mohammad Abedini Najafabadi no Aeroporto de Milão-Malpensa a pedido da Justiça dos EUA, que o acusa de colaborar em um ataque com drones que matou três militares americanos em uma base na Jordânia em janeiro de 2024.

    Abedini seria solto pela Justiça italiana em 12 de janeiro, quatro dias após o retorno de Sala para casa. .

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