Justiça italiana anula lei que equiparava maconha à heroína

Em decorrência da anulação da lei, é possível que até 10 mil pessoas tenham de ser libertadas

12 fev 2014 - 18h09

A Corte Constitucional da Itália anulou nesta quarta-feira uma lei de 2006 que impunha duras penas à posse, venda e cultivo de maconha, equiparando-a à cocaína e à heroína. A lei, que fora aprovada durante o governo conservador do ex-premiê Silvio Berlusconi, foi considerada "ilegítima" pela Justiça italiana.

A ONG Antigone alega que a lei provocou a superlotação de presídios do país - com 40% dos detentos cumprindo sentenças por crimes relacionados às drogas. Em decorrência da anulação da lei, é possível que até 10 mil pessoas tenham de ser libertadas. Os presídios italianos são considerados os mais superlotados da União Europeia.

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Em janeiro do ano passado, a Corte Europeia de Direitos Humanos determinou que a superlotação nos presídios italianos violava os direitos básicos dos detentos. Autoridades italianas foram multadas em 100 mil euros (R$ 326 mil) e ordenadas a resolver o problema no prazo de um ano.

Penas

A lei antidrogas de 2006 classificava de maneira similar a maconha e o haxixe a drogas mais pesadas, como heroína. As penas para cultivo, venda e tráfico haviam sido elevadas de 2 a 6 anos para 6 a 20 anos.

Com a decisão da Corte, volta a vigorar no país a lei antidrogas prévia. Nenhuma das duas legislações considerada o consumo da cannabis um crime, mas ambas criminalizam sua posse.

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"A decisão (judicial) põe fim a uma das leis mais absurdas que o Parlamento aprovou nos últimos anos", disse a parlamentar Alessia Morani, do Partido Democrático (PD), de centro esquerda.

Já o senador Maurizio Gasparri (da Força Itália, de Berlusconi) disse à agência Ansa que a determinação da Corte é "um grande erro que promove o tráfico e o consumo".

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