Presidente da Coreia do Sul declarou lei marcial, revogada horas depois pelo Parlamento, causando instabilidade política no país e impactando a economia global.
O presidente da Coreia do Sul, Yong-Soo Kyo, declarou a lei marcial em um pronunciamento televisionado no último dia 3 de dezembro e justificou a medida como necessária para proteger o país do que ele chamou de forças comunistas e de elementos anti-estatais. Revogada pelo Parlamento horas mais tarde, a lei marcial suspenderia temporariamente as leis civis e os direitos constitucionais dos sul-coreanos. Cenário de instabilidade política no país pode impactar outras nações, inclusive o Brasil.
“Assumindo que as relações entre Coreia do Sul e Coreia do Norte continuem pacíficas, esta instabilidade política que decorre dessa tentativa de lei marcial pode prejudicar drasticamente a confiança na economia sul-coreana. Além disso, a suspensão das atividades parlamentares pode atrasar a aprovação de políticas econômicas essenciais para o país, o que, por consequência, acaba afetando negativamente o ambiente de negócios e o crescimento econômico", diz João Alfredo Lopes Nyegray, coordenador do curso de Comércio Exterior e do Observatório Global da Universidade Positivo.
"Historicamente, a imposição de lei marcial na Coreia do Sul é associada a períodos de repressão e períodos de instabilidade social. Isso já ocorreu na década de 80 e essa declaração atual pode levar a uma erosão, eu diria, de confiança nas instituições democráticas, o que pode gerar uma onda de protestos, agitação social, enfim, o que notoriamente afeta os mercados financeiros e a economia em geral.”
Ele vai além: “A Coreia do Sul é a décima maior economia do mundo em termos de produto interno bruto, a sexta maior economia do mundo em termos de paridade e de poder de compra e atualmente o sétimo maior exportador global. E aí, para a gente ter uma comparação, o Brasil é apenas o vigésimo sexto maior exportador do mundo. E os produtos que vêm da Coreia do Sul vão desde semicondutores eletrônicos até automóveis e produtos petroquímicos, de modo que qualquer oscilação na economia coreana, sul-coreana, pode efetivamente impactar uma série de cadeias pelo mundo, desde as cadeias automotivas até as cadeias dos setores de eletroeletrônicos".
"A Coreia do Sul também é parte de acordos de livre comércio bastante abrangentes, como o acordo de parceria econômica regional. É um país líder em inovação e tecnologia, é reconhecido por sua capacidade de inovação, vem sempre nas primeiras posições do índice global de inovação. As suas empresas são grandes conglomerados que revolucionaram os setores automóveis. Motivos variados, as suas cadeias de valor e as suas empresas estão plenamente integradas às cadeias globais de valor e qualquer coisa que ocorra no país, qualquer interrupção produtiva ou qualquer situação que cause uma instabilidade pode gerar gargalos em indústrias globais, não apenas de automobilística e tecnologia, mas até mesmo no setor petrolífero”, finaliza.
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