O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para que acione o Conselho de Segurança das Nações Unidas para que avance rumo a uma solução para a guerra de Israel na Faixa de Gaza, afirmando que é preciso acabar com a "carnificina" em nome da sobrevivência da humanidade.
"Quero aproveitar a presença do secretário-geral da ONU, meu companheiro António Guterres, para propor uma moção da Celac pelo fim imediato desse genocídio", disse Lula durante a sessão plenária da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).
"Faço um apelo ao governo japonês, que assume a presidência do Conselho a partir de hoje, para que paute esse tema com toda a urgência. Peço aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU que deixem de lados suas diferenças e ponham fim a essa matança", continuou.
O Conselho de Segurança negociou várias resoluções sobre os ataques em Gaza, mas nenhuma foi adiante, a maioria delas vetada pelos Estados Unidos. O país apresentou agora uma proposta de cessar-fogo temporário para ajuda humanitária, mas ainda está em negociação.
"Já são mais de 30 mil mortos. As vidas de milhares de mulheres e crianças inocentes estão em jogo. As vidas dos reféns do Hamas também estão em jogo. Eu quero terminar dizendo para vocês que a nossa dignidade e humanidade estão em jogo. Por isso é preciso parar a carnificina em nome da sobrevivência da humanidade, que precisa de muito humanismo", disse Lula.
Mais cedo, o governo brasileiro divulgou uma dura nota, através do Itamaraty, criticando pesadamente a ação de Israel em que foram mortos palestinos que aguardavam doações de alimentos em Gaza, classificando a situação de "intolerável".
"Declarações cínicas e ofensivas às vítimas do incidente, feitas horas depois por alta autoridade do governo Netanyahu, devem ser a gota d'água para qualquer um que realmente acredite no valor da vida humana", diz o texto.
Paz e integração na América Latina
Em sua fala, Lula aproveitou para defender mais uma vez a paz na América Latina e a necessidade de integração.
O presidente afirmou que a região, que havia desenvolvido uma integração, voltou a ser uma região "balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria."
"Entre muitos de nós, a intolerância ganhou força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar à mesma mesa. Estamos deixando de cultivar nossa vocação de cooperação e permitindo que conflitos e disputas, muitas delas alheias à região, se imponham", afirmou.
"A questão que volta a se colocar é se os países da América Latina e do Caribe querem se integrar ao mundo unidos ou separados."