O líder da ultranacionalista Liga, Matteo Salvini, anunciou neste domingo (20) ter chegado a um acordo com o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) sobre o nome que indicarão como novo primeiro-ministro da Itália.
Esse era o último entrave que impedia a formação de um governo no país. "Nesta manhã, fechamos o acordo sobre o premier e sobre a equipe de ministros", declarou Salvini, após uma reunião com o líder do M5S, Luigi Di Maio.
Geralmente, os chefes dos partidos vencedores das eleições assumem o cargo de primeiro-ministro, mas o secretário da Liga não aceitou um gabinete guiado por Di Maio, e vice-versa. Juntas, as duas legendas terão 55% das cadeiras na Câmara dos Deputados e 53% no Senado.
"Esperamos que ninguém coloque vetos sobre uma escolha que representa a vontade da maioria dos italianos", reforçou Salvini, em recado indireto ao presidente da Itália, Sergio Mattarella, a quem cabe nomear o chefe de governo.
A expectativa é que o mandatário convoque M5S e Liga para o Palácio do Quirinale, em Roma, na tarde desta segunda-feira (21). "Escolhemos um nome equilibrado e que satisfaz a todos", reforçou o secretário do partido ultranacionalista, sem revelar quem será o novo premier.
Entre os nomes na mesa estavam os dos professores Giuseppe Conte e Andrea Roventini, próximos ao Movimento 5 Estrelas. Também não se sabe se Salvini e Di Maio terão cargos no governo - fala-se que o primeiro pode se tornar ministro do Interior, e o segundo, das Relações Exteriores.
Uma das exigências da Liga é comandar a pasta responsável pela gestão de fluxos migratórios para poder implantar seu plano de expulsar milhares de pessoas que entraram sem documentos na Itália.
O acordo para a formação do governo "verde-amarelo" - cores da Liga e do M5S, respectivamente - possui quase 60 páginas e prevê a expulsão de milhares de imigrantes ilegais e o fim do "negócio da migração" no Mediterrâneo.
Além disso, os dois partidos querem estabelecer apenas duas faixas no imposto de renda e criar um benefício mensal para todos que recebem menos de 780 euros. No entanto, contrariando uma antiga promessa de Liga e M5S, o acordo não prevê medidas para tirar a Itália da zona do euro.
Para a União Europeia, o principal temor diz respeito ao potencial explosivo que o programa de governo tem para as contas públicas da Itália, dona da segunda maior dívida pública do bloco. "Se o novo governo assumir o risco de não respeitar os próprios compromissos sobre dívida e déficit, a estabilidade de toda a zona do euro estará ameaçada", alertou o ministro de Economia da França, Bruno Le Maire.
"Todos devem entender que o futuro da Itália é na Europa, e para que isso aconteça, há regras a serem respeitadas", acrescentou. A declaração, como era de se esperar, irritou Salvini, que acusou Paris de realizar uma "inaceitável invasão de campo".
"Não pedi votos e confiança para continuar na via da pobreza, da precariedade e da imigração: os italianos em primeiro lugar", escreveu no Twitter.
Veja também