Maduro diz que dolarização da economia da Venezuela é "válvula de escape"

18 nov 2019 - 09h34

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse no domingo que as transações em dólares, que têm crescido nos últimos meses, são uma "válvula de escape" que pode ajudar o país a atravessar a crise econômica, em meio às sanções norte-americanas que visam tirá-lo do poder.

Mulher troca bolívares por dólares em casa de câmbio em Caracas
24/02/2015
REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Mulher troca bolívares por dólares em casa de câmbio em Caracas 24/02/2015 REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Foto: Reuters

O bolívar, a moeda oficial venezuelana, se depreciou mais de 90% neste ano, e a hiperinflação dos primeiros nove meses do ano chegou a 4.680%, de acordo com o Banco Central.

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A espiral inflacionária abateu o poder de compra do salário mínimo, que juntamente com a ajuda alimentar é equivalente a cerca de 10 dólares por mês.

"Não vejo como uma coisa ruim... este processo que eles chamam de 'dolarização'", disse Maduro em uma entrevista transmitida pelo canal Televen.

"Ele pode ajudar a recuperação do país, a disseminação de forças produtivas no país, e a economia... graças a Deus que ele existe", disse o líder socialista.

Maduro, que ao menos até 2018 proibiu o uso do dólar, acrescentou que, embora ainda esteja estudando transações na moeda norte-americana, que cresceram nos últimos meses, o bolívar continuará a circular como moeda oficial.

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Desde 2003, a taxa oficial de câmbio vem sendo estabelecida pelo Banco Central, mas vem se tornando cada vez mais flexível.

"A Venezuela sempre terá sua moeda... sempre teremos o bolívar e o recuperaremos e o defenderemos", afirmou Maduro em uma entrevista concedida a José Vicente Rangel, político de esquerda e vice-presidente durante o governo de Hugo Chávez.

Cada vez mais pressionado pelas rígidas sanções dos EUA, o Banco Central começou a injetar euros na economia. O governo e a estatal petroleira PDVSA até começaram a pagar fornecedores com a moeda europeia.

Moedas estrangeiras entram na economia do país-membro da Opep em grande parte graças à venda de alguns carregamento de petróleo cru e ouro.

O líder opositor Juan Guaidó reagiu aos comentários de Maduro sobre a dolarização em uma coletiva de imprensa na noite de domingo, dizendo que Maduro admitiu outra derrota.

"O fracasso de Miraflores, reconhecido hoje, é que o país está dolarizado... ele reconhece que nossa moeda nem sequer tem mais valor", disse Guaidó.

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Sediada em Caracas, a consultoria Ecoanalitica estimou recentemente que 53,8% das transações da primeira quinzena de outubro foram realizadas em dólares, segundo uma amostra das sete maiores cidades venezuelanas.

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