Mais de 3 mil civis já morreram na guerra na Ucrânia, diz ONU

A maioria das vítimas civis morreu ou ficou ferida devido ao uso de explosivos

2 mai 2022 - 18h58
(atualizado às 19h20)
Mais de 3 mil civis já morreram na guerra na Ucrânia, diz ONU
Mais de 3 mil civis já morreram na guerra na Ucrânia, diz ONU
Foto: DW / Deutsche Welle

 A ONU informou nesta segunda-feira (02/05) que pelo menos 3.153 civis morreram e mais de 3 mil ficaram feridos desde o começo da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro. A organização, contudo, destacou que os números reais podem ser muito maiores. 

O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) afirma que a maioria das vítimas civis morreu ou ficou ferida devido ao uso de explosivos, incluindo projéteis lançados por artilharia pesada, sistemas de lançamento múltiplo de foguetes, mísseis e bombardeios aéreos.

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O ACNUDH teme que o número de vítimas da guerra na Ucrânia, que chegou nesta segunda ao seu 68º dia, aumente consideravelmente quando houver acesso a cidades sitiadas ou a zonas até agora sob intensos combates. Após a saída de tropas russas da região de Kiev, centenas de corpos de civis, alguns com as mãos amarradas, além de valas comuns repletas de cadáveres, foram encontrados.

O direito internacional considera que os ataques perpetrados contra civis e infraestruturas não-militares num conflito constituem crimes de guerra. Por essa razão, vários países e entidades internacionais exigem uma investigação sobre se a Rússia está cometendo crimes de guerra no território ucraniano.

Segundo a ONU, a invasão da Ucrânia pela Rússia já causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas de suas casas, das quais mais de 7,7 milhões em deslocados internos e mais de 5,5 milhões para países vizinhos. A ONU classifica essa crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Retirada de civis fracassada em Mariupol

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Após a saída de cerca de 120 civisno domingo, um novo resgate de civis planejado para esta segunda-feira no complexo siderúrgico de Azovstal, em Mariupol, falhou.

"Hoje os ocupantes russos não nos deram a oportunidade de tirar as pessoas", disse o governador da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko.

Novos bombardeios pesados foram registrados nas instalações. Imagens mostram uma espessa nuvem de fumaça preta sobre a siderúrgica, onde estão sitiados centenas de soldados e civis ucranianos - entre eles, crianças, mulheres e idosos.

Um nova tentativa de resgate será realizada nesta terça-feira. A siderúrgica é o último bastião das tropas ucranianas na cidade ocupada pelos militares russos.

Novos ataques ao porto de Odessa

Nesta segunda-feira, o porto de Odessa, no mar Negro, voltou a ser alvo de mísseis das forças russas, informou o governo local, sem determinar o número exato de mortos e feridos.

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O governador da região de Odessa, Maksym Marchenko, divulgou através do Telegram que outras infraestruturas também foram atingidas.

"Um ataque com mísseis danificou um prédio onde estavam cinco pessoas. Um menino de 15 anos morreu, outra criança foi levada para o hospital", divulgou uma fonte do município de Odessa.

Pouco antes, Marchenko havia informado que as forças russas destruíram uma ponte estratégica no oeste do país, sobre o rio Dniestre, única ligação ferroviária e principal ligação rodoviária para oeste de Odessa.

A ponte já tinha sido severamente danificada em dois ataques anteriores. A destruição corta o acesso a carregamentos de armas e outras cargas vindas da Romênia.

Os ataques à ponte ocorreram após um oficial superior das forças russas afirmar que o país pretende assumir o controle de todo o sul da Ucrânia e construir um corredor terrestre para a região separatista da Transnístria, na Moldávia, onde as tensões aumentaram recentemente.

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Estimativas apontam que cerca de 1.500 soldados russos foram destacados para a região. Oficiais ucranianos e ocidentais manifestaram preocupação de que a Rússia pudesse usar a Transnístria para abrir uma nova frente na guerra contra a Ucrânia.

Zelenski fala sobre exigências para neutraldiade

Também nesta segunda-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse nesta segunda que a condição para a neutralidade da Ucrânia, exigida pela Rússia, passa pela libertação de todo o território, incluindo a região de Donbass e a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

"Os russos insistem na neutralidade e, para nós, o mais importante é a libertação de Donbass e de todos os territórios temporariamente ocupados, bem como da península da Crimeia, que também está ocupada", afirmou Zelenski em entrevista ao canal de televisão saudita Al Arabiya.

Ele acusou novamente Moscou, que exige que a Ucrânia se comprometa a não aderir à Otan e a permanecer neutra, de tentar dividir o país através de um referendo nos territórios ocupados, tal como ocorreu na Crimeia, em 2014, quando a península foi anexada pelos russos.

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Além da libertação de toda a Ucrânia, Zelenski afirmou que, para aceitar a neutralidade exigida por Moscou, Kiev quer "garantias de segurança para não sejam objeto de ataques semelhantes no futuro".

Sobre as negociações com Moscou, o presidente ucraniano referiu que "os negociadores russos não têm capacidade para tomarem decisões" e que "a última palavra será sempre de [Vladimir] Putin", voltando a insistir na necessidade de um diálogo direto entre os dois presidentes.

EUA alertam que Rússia pode fazer plebiscito

Corroborando a afirmação de Zelenski, os Estados Unidos alertaram que a Rússia pretende orquestrar referendos em meados de maio para anexar ao seu território as províncias de Donetsk e Lugansk, na região de Donbass, semelhante ao que ocorreu com a Crimeia.

"A comunidade internacional deixou muito claro que tais referendos são falsos, com votos fabricados, e as tentativas de anexar território ucraniano não serão consideradas legítimas. Temos que agir com urgência", disse em entrevista coletiva Michael Carpenter, embaixador dos EUA na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

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O diplomata afirmou que Moscou modificou os objetivos da invasão da Ucrânia, quando inicialmente buscava derrubar o governo de Kiev, e agora concentra seus esforços no leste e no sul do país, onde pretende "anexar" Donbass.

Nesse sentido, afirmou ter relatórios "altamente críveis" que sugerem que o Kremlin "planeja convocar referendos em meados de maio para unir (Donetsk e Lugansk) à Rússia".

Com isso, segundo denunciou, o governo de Putin pretende dar "uma aparência de legitimidade democrática" ao seu plano.

Carpenter advertiu ainda que Moscou já está substituindo os prefeitos da região para "impor conselhos populares, essencialmente compostos por marionetes do Kremlin".

UEFA bane Rússia de torneios na Europa

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Ainda nesta segunda, o Comitê Executivo da Uefa anunciou que nenhum clube da Rússia participará de torneios continentais durante a temporada 2022-2023.

Além disso, a seleção feminina não participará a Eurocopa de 2022, que será disputada em julho, na Inglaterra. Com isso, Portugal, que foi eliminada pelas russas nas Eliminatórias, herdará a vaga no torneio.

A seleção masculina da Rússia, por sua vez, não participará do grupo 2 da Liga B da Liga das Nações - assim, ficará automaticamente na quarta e última colocação da chave. Consequentemente, os russos serão rebaixados para o nível inferior da competição continental.

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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