Um episódio ocorrido em Turim, uma das maiores cidades da Itália, expôs o tamanho da tensão existente no país por conta da chegada em massa de imigrantes provenientes da África.
No último domingo (1º), italianos entraram em pânico em uma sala de cinema da capital do Piemonte por pensar que uma família que conversava por mensagem de texto e pela língua dos sinais estivesse preparando um atentado terrorista.
O caso foi relatado ao jornal La Stampa por Souad Ghennam, 45 anos, 15 deles vividos na Itália. A africana contou que ela e o marido foram convidados pela filha e seu esposo para assistirem a um filme em uma sala na periferia de Turim.
No entanto, os casais não encontraram lugares juntos e acabaram se sentando em fileiras separadas. "Quando foi projetada uma cena de sexo, minha filha, que é surda-muda e estava em outra fileira, se preocupou e me mandou uma mensagem para explicar que não queria desrespeitar os pais", disse Ghennam.
Contudo, a comunicação entre os marroquinos assustou muitos italianos presentes na sessão, que saíram da sala por medo de um atentado terrorista e acionaram a Arma dos Carabineiros. A exibição do filme teve de ser interrompida, e a polícia chegou a retirar a família da sala.
"Lamento muito, queríamos apenas nos divertir um pouco, mas nunca tinha passado por uma vergonha tão grande", acrescentou Ghennam. Em 2016, a Itália voltou a ser a principal porta de entrada para deslocados externos na Europa, recebendo mais de 181 mil deles ao longo do ano, um crescimento de 17,8% em relação a 2015.
A maioria dessas pessoas é originária da África Subsaariana, embora muitas sejam do norte do continente, como a família Ghennam. Até aqui, o país não registrou nenhum atentado de matiz jihadista, embora tenha expulsado centenas de suspeitos de envolvimento com o terrorismo.