Médico em Gaza relata situação no Hospital de Al-Shifa: 'Não há eletricidade, bebês morreram e ninguém nos ouve'

Ao menos dois recém-nascidos prematuros morreram "porque as incubadoras pararam de funcionar devido a falta de energia elétrica"

11 nov 2023 - 23h38
Bebê em UTI neonatal de hospital na Faixa de Gaza; falta de água potável e de combustível afeta o funcionamento dos centros médicos
Bebê em UTI neonatal de hospital na Faixa de Gaza; falta de água potável e de combustível afeta o funcionamento dos centros médicos
Foto: Reuters

A Faixa de Gaza segue sob intensos bombardeios das Forças de Defesa de Israel (IDF). No 35º dia do conflito, o combustível e a eletricidade do maior centro médico de Gaza, o Hospital de Al-Shifa, chegaram ao fim. As incubadoras da Unidade de Terapia Intenstiva Neonatal deixaram de funcionar e ao menos dois bebês prematuros morreram; outros 37 correm risco de morte. 

O relato do médico Mohammed Obeid, que faz parte da entidade Médicos Sem Fronteiras, e trabalha como cirurgião no Hospital de Al-Shifa, viralizou nas redes sociais. 

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"Estamos no quarto andar, há um franco-atirador [das Forças de Defesa de Israel] que atacou 4 pacientes no interior do hospital [...] Algumas pessoa que saem do hospital querem ir ao sul; elas foram bombardeadas, bombardearam famílias inteiras. Desde a manhã deste sábado não há mais eletricidade no hospital de Al-Shifa, não há água, não há comida. Nossa equipe está exausta. Dois pacientes da UTI neonatal morreram porque as incubadoras pararam de funcionar devido a falta de energia elétrica", iniciou Obeid. 

"Um paciente adulto, que estava na UTI, também morreu porque a ventilação mecânica parou de funcionar já que não há energia.  Conseguimos ver a fumaça nos arredores do hospital. Eles atingiram tudo ao redor do hospital [...] Precisamos ter certeza que vamos conseguir evacuar entre 37 e  40 bebês prematuros da UTI neonatal [...] Ninguém nos ouve", disse antes de finalizar com um apelo para um cessar-fogo imediato e o "fim de ataques contra o hospital" e pedindo proteção para "as equipes de saúde e os pacientes". 

Após a divulgação do vídeo de Obeid, oporta-voz do Exército israelense, contra-almirante Daniel Hagari, disse que a IDF irá ajudar a retirar no domingo os bebês presos no Hospital Al Shifa.  "A equipe do hospital Shifa solicitou que amanhã ajudemos os bebês da ala de pediatria a chegar a um hospital mais seguro. Forneceremos a assistência necessária", disse em uma coletiva de imprensa.

Já o Ministério da Defesa de Israel negou que soldados israelenses tenham disparado contra o Hospital de Al-Shifa. Segundo eles, há confrontos com militantes do Hamas nas redondezas e ao lado leste do local estaria seguro e aberto para saída de pacientes.   

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  • Mais de 11 mil palestinos morreram, sendo 4.500 crianças e 3.027 mulheres, e mais de 27 mil ficaram feridos. Do lado israelense o número de mortes permanece praticamente inalterado desde os ataques de 7 de outubro organizado pelo Hamas, com 1.405 israelenses mortos,  5. 600 feridos e 200 reféns raptados pelo Hamas.  

     

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Fonte: Redação Terra
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