Evie Crandle, de 1 ano e 3 meses, foi levada pelos pais, Sam e Phil, ao pronto-socorro depois de ficar letárgica e com os lábios azulados. O médico que atendeu a bebê disse que ela provavelmente estava com uma infecção urinária que poderia ser tratada com medicamentos, e mandou a família de volta para casa com uma receita de analgésico e antitérmico. A bebê acabou morrendo, e o caso chocou a comunidade onde a família vive, na Inglaterra.
A bebê estava com a frequência cardíaca acima de 200, sendo que o normal para a idade é entre 140 e 160 batimentos por minuto, além de febre de 39,9 ºC. Por isso, os pais tinham certeza de que a filha não estava bem.
Funcionários do hospital St Helen's Meseyside afirmaram que Evie estava com uma infecção urinária, mas a bebê piorou rapidamente e morreu de sepse, que é quando a infecção atinge a corrente sanguínea e se espalha pelo corpo. O falecimento da menina foi no dia 16 de abril de 2018, e um inquérito descobriu que os profissionais perderam a oportunidade de fazer o diagnóstico correto e detectar a sepse.
Agora, Sam e Phil alertam a população para conscientizar sobre os sinais vitais de crianças com infecções graves, que devem ser rapidamente identificadas e tratadas.
"Para se sentir empoderada a ponto de desafiar as decisões, você deve saber que conhece melhor seu filho, então, é preciso ter as ferramentas para pedir aos médicos que explorem se pode ser sepse e pedir que expliquem por que não é sepse, além de pressionar pela realização de exames”, declarou a mãe ao jornal Liverpool Echo.
Sam disse que a filha não estava recebendo cuidados intensos o suficiente, ainda que mostrasse sinais. "Nós a trouxemos para casa e a levamos para fazer um exame de urina. Depois, a levamos para o hospital, mas ela estava piorando cada vez mais rápido, antes que soubéssemos que era uma emergência. Ficou muito claro que ela tinha sepse”.
Hoje, o casal tem duas filhas, Lily e Nia, com quem costumam conversar sobre Evie. Nia, agora com 3 anos, também foi diagnosticada com possível sepse, mas se recuperou em 48 horas, depois de receber antibióticos. "Está claro que alguns sintomas são semelhantes aos de outras doenças, mas há uma cultura de não querer dar antibióticos. No entanto, quando é sepse, a intervenção precoce é fundamental”, ressaltou Sam.
"Os profissionais do hospital foram incríveis com Nia - mas se Evie tivesse tomado antibióticos na primeira visita ao hospital, ela estaria bem 48 horas depois como aconteceu com Nia e é realmente difícil conviver com essa ideia”. desabafa a mãe. "É muito frustrante. Ficou muito claro para nós que Evie estava muito mal, mas não ficou claro para os médicos e não entendo como isso é possível”, completou.
Investigação
Só em 2019 um laudo concluiu que Evie morreu de causas naturais devido à negligência. O hospital fez um acordo com a legista responsável para implantar um plano de ação para evitar mortes futuras pela mesma causa.
Na época, um porta-voz do hospital declarou: “A instituição oferece suas sinceras condolências à família de Evie por sua perda devastadora e se desculpa sem reservas pelas falhas em seus cuidados. Quando Evie foi ao pronto-socorro pela primeira vez, não prevemos que sua condição se deterioraria tão seriamente. A sepse é uma condição rara e difícil de diagnosticar, porque tem sintomas semelhantes aos de muitas doenças infantis. Após a morte de Evie, uma investigação imediata e completa foi realizada. O hospital aceitou que o cuidado de Evie poderia ter sido melhor e compartilhou as descobertas com os pais de Evie. Planos de ação foram implementados para garantir que as lições fossem aprendidas".
Sepse
A sepse é uma infecção sanguínea que, de acordo com o sistema de saúde público britânico, o NHS, pode ser fatal e difícil de detectar. Existem muitos sintomas possíveis, que, muitas vezes, podem se confundir com os da gripe ou de uma infecção no peito.