O governo do Reino Unido defendeu nesta quarta-feira (23) suas novas medidas mais rígidas de combate ao coronavírus das críticas de que elas não são suficientes, dizendo que está tentando equilibrar o amparo à economia e a proteção à saúde.
Na terça-feira (22), o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu aos cidadãos para trabalharem em casa se possível e ordenou que bares e restaurantes fechem mais cedo na tentativa de frear uma segunda onda de coronavírus que se alastra rapidamente, dizendo que as restrições provavelmente durarão seis meses.
O Reino Unido acumula quase 42 mil mortes da Covid-19, o maior número da Europa. As novas infecções se aceleraram nas últimas semanas, o que levou cientistas a dizerem que elas podem chegar a 50 mil por dia até meados de outubro se não forem controladas.
O secretário das Relações Exteriores, Dominic Raab, fez uma rodada de entrevistas nesta quarta-feira - exatamente seis meses depois de o governo impor um isolamento nacional pela primeira vez - para tentar persuadir o público a respeitar as novas regras para evitar um segundo isolamento.
"O que não queremos é ter que adotar medidas ainda mais rígidas ao nos aproximarmos do Natal", disse Raab à rádio LBC. "E é por isso que precisamos adotar as medidas proporcionais e direcionadas que estamos adotando agora."
Indagado na rádio BBC se as novas medidas são parte de um plano de estilo sueco para conviver com o vírus, ao invés de tentar se livrar dele, Raab rejeitou a insinuação.
Mas uma decisão do governo semiautônomo da Escócia de adotar medidas mais rigorosas, como proibir a socialização entre vizinhos, criou dúvida a respeito da eficiência das ações na mais populosa Inglaterra.
"Avaliei que estamos novamente em um ponto de inflexão com a Covid e estou analisando dados que, sinceramente, me alarmam", disse a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, à ITV.
Ela disse que seus conselheiros científicos a informaram que o pacote anunciado por Johnson não bastará para reduzir o índice de transmissão.
Na Inglaterra, as pessoas ainda podem se socializar com os vizinhos em grupos de até seis pessoas.
O País de Gales e a Irlanda do Norte também estão adotando algumas medidas diferentes das inglesas.
O jornal The Times noticiou que Chris Whitty, o principal conselheiro médico do governo nacional, tem dito em particular que novas restrições serão inevitáveis para controlar a epidemia na Inglaterra.