A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou neste domingo (4) que seu governo está considerando não forçar os comerciantes a aceitar pequenos pagamentos com cartões de crédito.
Em seu projeto de orçamento para 2023, a premiê propôs dar aos italianos proprietários de comércios o direito de recusar pagamentos digitais para transações abaixo de 60 euros, além de pretender aumentar o teto para transações legais em dinheiro de mil euros para 5 mil euros, a partir de 1º de janeiro.
"Até 60 euros, gostaríamos de não forçar os varejistas a aceitar pagamentos eletrônicos. Mas digamos que o limite de 60 euros é indicativo, para mim pode até ser menor", declarou Meloni em um vídeo publicado no Facebook.
"Além disso, obviamente há discussões sobre isso com a Comissão Europeia, porque a questão dos pagamentos eletrônicos é uma das questões do PNRR [Plano Nacional de Recuperação e Resiliência], então temos que ver como as discussões terminam", acrescentou.
A Itália é o maior beneficiário do fundo da UE, mas deve cumprir uma série de metas de reforma, entre elas é a introdução de sanções para comerciantes que recusar pagamentos com cartão.
Meloni, que lidera o partido de extrema-direita Irmãos da Itália, já havia criticado o esforço da Itália para promover pagamentos digitais como um "presente ilegítimo aos bancos" e um "imposto oculto" sobre pequenas empresas e famílias.
No vídeo, Meloni ressaltou ainda que um "teto de caixa" prejudica a economia do país. "Estamos em um mercado europeu, o teto só faz sentido se todos o tiverem. Na Europa existem muitos tetos de caixa diferentes e países que não o têm. A Alemanha não tem teto, nem mesmo a Áustria, que faz fronteira com a Itália. Quem tem dinheiro para gastar prefere ir e fazer em outros países", enfatizou ela.
A premiê disse ainda que quer "ajudar as pessoas a saírem da pobreza com o trabalho", tendo em vista que "o trabalho leva a todos os lugares, a renda básica mantém você onde está, não tem como escapar".
O ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, por sua vez, disse hoje que "é necessário um Estado eficiente e justo contra a evasão fiscal".
"Acho que contra a evasão fiscal precisamos tornar o Estado eficiente e justo e obrigar as pessoas a pagar impostos em troca de serviços que não são questionáveis, como assistência médica garantida para todos", afirmou. .