Milhares de coreanas protestam contra vídeos pornôs feitos com câmeras escondidas

Nos últimos anos, tem aumentado significativamente o número de vídeos pornôs gravados com câmeras escondidas e sem autorização das mulheres

7 jul 2018 - 19h10
(atualizado às 19h28)
As manifestantes afirmam que quem divulga material pornô gravado de forma escondida recebe punições muito leves
As manifestantes afirmam que quem divulga material pornô gravado de forma escondida recebe punições muito leves
Foto: AFP/Getty / BBC News Brasil

Dezenas de milhares de mulheres se reuniram neste sábado em Seul, capital da Coreia do Sul, para protestar contra o uso de câmeras escondidas. Os equipamentos são colocados em espaços públicos para gravar mulheres sem consentimento. Depois, os vídeos são divulgados como conteúdo pornográfico.

Esse foi um dos maiores protestos femininos da história da Coreia do Sul.

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Embora a distribuição de pornografia seja proibida na Coreia, os vídeos feitos por câmeras escondidas são facilmente encontrados na internet.

As organizadoras do protesto disseram que as coreanas vivem com medo de serem gravadas secretamente, sem o seu consentimento.

No protesto deste sábado, a maioria era adolescente ou tinha pouco mais de 20 anos - as vítimas que mais aparecem nos vídeos. Elas carregavam cartazes e banners com mensagens como "Minha vida não é um pornô".

"Aqueles homens que filmam esses vídeos, aqueles que os enviam, aqueles que os assistem, todos devem ser severamente punidos!", elas cantaram, na manifestação.

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A organização do protesto pediu às mulheres para cobrirem seus rostos com máscaras, óculos ou chapéus.

As manifestantes disseram que cerca de 55 mil mulheres participaram do ato, embora a polícia calcule o número em cerca de 20 mil.

Os recentes protestos começaram depois que a polícia coreana prendeu uma mulher de 25 anos, em maio, depois que ela fotografou secretamente um homem que havia posado nu para estudantes universitários de arte. Ela compartilhou a foto na internet e acabou detida.

As manifestantes alegam que a polícia só agiu de forma tão rápida porque a fotografia foi feita por uma mulher. O movimento apontou que centenas de casos com vítimas mulheres foram arquivados pela polícia. A entidade diz ter dificuldade para encontrar os cinegrafistas ou divulgadores dos vídeos porque as imagens normalmente são publicadas na internet por meio de servidores estrangeiros.

A lei coreana prevê pena de cinco anos ou multa de R$ 34,7 mil para quem gravar pornografia. Já a divulgação do material pode render uma punição de R$ 104 mil. As manifestantes, no entanto, afirmam que, em muitos casos, quem produz ou compartilha pornografia gravada com equipamento escondido recebe punições mais leves do que a legislação determina.

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A Coreia do Sul tem lutado para conter o aumento das gravações com câmeras secretas nos últimos anos. Em 2010, foram registrados 1.100 casos. Já em 2017, foram 6.500 crimes contabilizados pela polícia.

Desde 2004, o país determinou que os celulares e smartphones devem emitir um ruído alto quando registrar um vídeo ou fotografia. A ideia é que, em caso de gravações escondidas, a vítima consiga reconhecer o som.

No entanto, a estratégia não tem dado muito certo: aplicativos conseguem silenciar o celular. Outro problema é que os vídeos também são gravados com câmeras muito pequenas, às vezes escondidas em mochilas, paredes, sapatos e banheiros.

O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, afirmou recentemente que esse crime acabou virando "parte da vida diária no país".

Na semana passada, ele disse em uma reunião de gabinete que os infratores deveriam "sofrer danos maiores do que os danos que infligem (às vítimas)". Moon Jae-in pediu às autoridades que procurem punições mais fortes, como notificar uma empresa quando um de seus funcionários for divulgador desse material.

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