Os líderes da oposição venezuelana, que procuram derrubar o governo socialista de seu país, talvez possam ter alguma esperança com a renúncia de seu aliado de esquerda na Bolívia, o presidente Evo Morales, no domingo, após semanas de protestos nas ruas.
Mas um fator-chave torna difícil de implementar o roteiro da Bolívia no presidente venezuelano, Nicolas Maduro: as Forças Armadas da Venezuela sempre se recusaram a ficar do lado dos manifestantes, como fizeram os militares bolivianos no domingo.
Os militares na Venezuela têm apoiado o governista Partido Socialista, apesar do colapso econômico, duas ondas de protestos de grandes proporções nos anos de 2014 e 2017, e ampla condenação à reeleição de Maduro em 2018, amplamente descrita como fraudulenta.
Embora o líder da oposição, Juan Guaidó, tenha sido reconhecido por mais de 50 países como presidente legítimo da Venezuela, os esforços dele para cortejar as Forças Armadas não foram suficientes para influenciar sua lealdade a Maduro.
No dia 30 de abril, dezenas de militares da ativa uniram-se a Guaidó nas ruas de Caracas para pedir aos comandantes militares que repudiassem Maduro, mas o levante fracassou quando o alto escalão militar declarou lealdade ao presidente.
Uma reportagem da Reuters mostrou que as Forças Armadas da Venezuela têm sido fortemente influenciadas pela presença de agentes de inteligência cubanos, que monitoram de perto as comunicações de oficiais suspeitos de dissidência.
Além disso, a reforma das Forças Armadas do líder socialista Hugo Chávez, iniciada no início dos anos 2000, fortaleceu a fidelidade política dos oficiais superiores.