Mohammed Deif: Israel diz ter matado comandante militar do Hamas; saiba quem foi ele

O exército de Israel afirmou ter confirmado que o chefe militar do Hamas foi morto em um ataque aéreo na Faixa de Gaza no mês passado

1 ago 2024 - 07h30
(atualizado às 07h54)
Israel diz ter matado Mohammed Deif, líder militar do Hamas, que já havia sido alvo de pelo menos sete tentativas de assassinato
Israel diz ter matado Mohammed Deif, líder militar do Hamas, que já havia sido alvo de pelo menos sete tentativas de assassinato
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O exército de Israel afirmou ter confirmado que o chefe militar do Hamas, Mohammed Deif, foi morto em um ataque aéreo na Faixa de Gaza em julho.

Deif foi alvo do ataque a um complexo na área de Khan Younis em 13 de julho.

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O Hamas ainda não confirmou sua morte.

Israel alega que Deif foi uma das figuras responsáveis pelo planejamento dos ataques de 7 de outubro no sul de Israel, nos quais 1.200 pessoas foram mortas.

O anúncio de Israel ocorre após o assassinato do líder político do Hamas, Ismael Haniyeh, em Teerã, e do comandante sênior do Hezbollah, Fuad Shukr, morto em um ataque aéreo israelense na capital libanesa, Beirute.

Um comunicado do exército israelense afirmou que, "após uma avaliação de inteligência, pode-se confirmar que Mohammed Deif foi eliminado" no ataque de 13 de julho.

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Na época, o Ministério de Saúde, comandado pelo Hamas em Gaza, afirmou que o ataque aéreo matou mais de 90 pessoas, mas negou que Deif estivesse entre os mortos.

Deif, que na verdade se chamava Mohammed Diab Al-Masry, liderava as Brigadas Al-Qassam, o braço militar do movimento Hamas, e estava entre os homens mais procurados por Israel há décadas.

Deif nasceu no campo de refugiados de Khan Yunis em 1965. Ele foi criado em uma família muito pobre e trabalhou ao lado do pai com fiação e estofamento, montou uma granja avícola e trabalhou como motorista.

Deif significa "visitante" ou "convidado", em referência a seu estilo de vida, pois se acredita que ele se desloca de um lugar para outro para evitar a vigilância israelense.

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Formado em Ciências pela Universidade Islâmica de Gaza, onde estudou Física, Química e Biologia, ele foi chefe do comitê de entretenimento da universidade e atuou no palco em comédias.

Durante seus anos de universidade, Deif juntou-se ao grupo da Irmandade Muçulmana.

E quando o Hamas começou, em 1987 - após a primeira Intifada palestina -, ele se juntou à organização.

Deif foi preso pelas autoridades israelenses em 1989 e passou 16 meses na prisão, acusado de trabalhar para o braço militar do Hamas.

Ele foi um dos co-fundadores da ala militar do grupo, as Brigadas al-Qassam, e também supervisionou a fundação de uma filial das Brigadas Qassam na Cisjordânia.

Em 2002, Deif tornou-se chefe das Brigadas Qassam, após o assassinato de seu antecessor, Salah Shehadeh, num ataque israelense.

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Em 2015, Deif foi colocado na lista de terroristas internacionais dos EUA. E em dezembro de 2023, à lista da União Europeia.

Tentativas de assassinato

Deif foi acusado de planejar e coordenar atentados a bomba contra ônibus que mataram dezenas de israelenses em 1996, e de envolvimento na captura e morte de três soldados israelenses em meados da década de 1990.

Acredita-se que Deif tenha planejado os ataques do Hamas em 7 de outubro juntamente com Yahya Sinwar - o líder político do Hamas em Gaza.

E que ele tenha desempenhado um papel fundamental na arma mais proeminente do Hamas: o foguete Qassam, assim como no desenvolvimento da rede de túneis sob Gaza.

Também especula-se que Deif tenha passado a maior parte do tempo nesses túneis, escondendo-se do exército israelense e coordenando os ataques do Hamas.

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Acredita-se que Deif tenha passado a maior parte do tempo nos túneis sob Gaza
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Ele era uma figura sombria conhecida pelos palestinos como "O Cérebro" e pelos israelenses como "O Gato com Nove Vidas".

Desde 2001, Deif havia conseguido sobreviver a sete tentativas de assassinato.

A mais grave foi em 2002. Ele sobreviveu, mas perdeu um dos olhos. Israel diz que ele também perdeu um pé e uma mão e ficou com dificuldade para falar.

Em 2014, as forças de segurança israelenses mais uma vez não conseguiram assassinar Deif durante um ataque à Faixa de Gaza, mas mataram sua esposa e dois de seus filhos.

Desde então, ele deixou poucos vestígios por onde passou. Há apenas três fotos conhecidas dele: uma é datada, na segunda ele está mascarado e na terceira aparece apenas sua sombra.

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