Moradores de Gaza choram de alegria e incredulidade com acordo de cessar-fogo

15 jan 2025 - 17h28

Palestinos começaram a comemorar em toda a Faixa de Gaza nesta quarta-feira após receberem a notícia de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, com alguns chorando de alegria e outros assobiando, batendo palmas e cantando "Allahu akbar" (Deus é o maior).

"Estou feliz, sim, estou chorando, mas são lágrimas de alegria", disse Ghada, uma mãe de cinco filhos que foi deslocada de sua casa na Cidade de Gaza durante o conflito de 15 meses.

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"Estamos renascendo, com cada hora de atraso, Israel conduziu um novo massacre, espero que tudo esteja acabando agora", disse Ghada à Reuters por meio de um aplicativo de bate-papo de um abrigo na cidade de Deir Al-Balah, no centro de Gaza.

Jovens bateram pandeiros, tocaram buzinas e dançaram nas ruas em Khan Younis, na parte sul do enclave, minutos depois de ouvir a notícia do acordo firmado em Doha, capital do Catar.

O acordo prevê uma fase inicial de cessar-fogo de seis semanas e inclui a retirada gradual das forças israelenses de Gaza.

O acordo também prevê a libertação de reféns mantidos pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinos mantidos por Israel, disse uma autoridade com conhecimento das negociações à Reuters.

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Para alguns, a alegria foi misturada com tristeza.

Ahmed Dahman, de 25 anos, disse que a primeira coisa que faria quando o acordo entrasse em vigor seria recuperar o corpo de seu pai, morto em um ataque aéreo contra a casa da família no ano passado, e "lhe dar um enterro adequado".

"Sinto uma mistura de felicidade porque vidas estão sendo salvas e a sangria está sendo estancada", disse Dahman, que, como Ghada, foi deslocado da Cidade de Gaza e vive em Deir al-Balah.

"Mas também estou preocupado com o choque pós-guerra, com o que veremos nas ruas, com nossas casas destruídas, com meu pai, cujo corpo ainda está sob os escombros."

Sua mãe, Bushra, disse que, embora o cessar-fogo não traga seu marido de volta, "pelo menos pode salvar outras vidas".

"Eu vou chorar, como nunca antes. Essa guerra brutal não nos deu tempo para chorar", disse a mãe, lacrimejando, à Reuters por um aplicativo de bate-papo.

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Iman Al-Qouqa, que vive com sua família em uma tenda próxima, ainda estava incrédula.

"Este é um dia de felicidade e tristeza, de choque e alegria, mas certamente é um dia em que todos nós devemos chorar e chorar muito por causa do que perdemos. Não perdemos apenas amigos, parentes e casas, perdemos nossa cidade, Israel nos mandou de volta no tempo por causa de sua guerra brutal", afirmou à Reuters.

"É hora de o mundo voltar para Gaza, concentrar-se em Gaza e reconstruí-la", disse Qouqa.

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