Centenas de milhares de iranianos tomaram as ruas de Teerã nesta segunda-feira, 6, para o funeral do comandante militar Qassem Soleimani, morto por um ataque aéreo norte-americano na semana passada, e a filha do general disse que a morte trará um "dia sombrio" para os Estados Unidos.
"Trump louco, não pense que o martírio de meu pai encerrou o assunto", disse Zeinab Soleimani em um pronunciamento transmitido pela televisão estatal.
O presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou o ataque de sexta-feira que matou o general, o arquiteto da política iraniana para ampliar sua influência na região. O Irã prometeu vingar sua morte.
A aglomeração de pessoas nas ruas de Teerã, que foi exibida na TV e que a mídia estatal estimou em milhões, fez lembrar as multidões que se reuniram em 1989 para o funeral do fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini.
Soleimani era um herói nacional para muitos iranianos, mesmo aqueles que não se consideram apoiadores devotos da elite religiosa do país.
Em reação aos alertas de retaliação do Irã, Trump ameaçou atingir 52 instalações iranianas, inclusive alvos culturais, se Teerã atacar cidadãos ou posições norte-americanas, aprofundando uma crise que elevou os temores de uma nova conflagração no Oriente Médio.
Os caixões de Soleimani e do líder iraquiano de uma milícia Abu Mahdi al-Muhandis, que foi morto no mesmo ataque, foram transportados sobre as cabeças do público, que bradava "Morte à América".
Imagens aéreas mostraram multidões lotando vias públicas e ruas laterais do centro de Teerã, uma demonstração de união nacional bem-vinda para o governo após os protestos fatais de novembro.
Um dos principais objetivos regionais do Irã, que é expulsar as forças dos EUA do vizinho Iraque, se tornou mais próximo no domingo, quando o Parlamento iraquiano apoiou uma recomendação do primeiro-ministro para que todas as tropas estrangeiras recebam ordens de retirada.
"Apesar das dificuldades internas e externas que podemos enfrentar, continua sendo melhor para o Iraque em princípio e na prática", disse o premiê interino, Adel Abdul Mahdi.
Os líderes xiitas rivais do Iraque, inclusive aqueles que se opõem à influência iraniana, se uniram desde o ataque de sexta-feira no clamor pela expulsão dos soldados norte-americanos - cerca de 5 mil militares dos EUA estão em solo iraquiano, a maioria atuando como conselheiros.