O mundo está menos pacífico do que há uma década, sobretudo devido a conflitos no Oriente Médio e na África, que estão custando trilhões de dólares à economia global, mostrou um índice internacional nesta quarta-feira.
"Houve um declínio gradual na paz na última década", disse Steve Killelea, chefe do Instituto da Economia e da Paz (IEP), sediado na Austrália.
"A razão deste declínio lento e gradual da paz se encontra nos conflitos no Oriente Médio e no norte da África e nos efeitos colaterais em outras áreas", disse Killelea à Thomson Reuters Foundation em uma entrevista por telefone.
A Europa vem enfrentando uma crise imigratória desde 2015 decorrente de guerras na Líbia e na Síria. Mais de um milhão de pessoas saídas da África e do Oriente Médio, assim como do Afeganistão, tentaram chegar ao continente pela Turquia ou pelo mar.
Ao analisar dados de centros de estudo, institutos de pesquisa, governos e universidades, o IEP estimou que em 2017 a violência custou à economia 14,8 trilhões de dólares -- quase dois mil dólares por pessoa. Se os países menos pacíficos, como Síria, Sudão do Sul e Iraque, fossem tão estáveis quanto os mais pacíficos, como Islândia e Nova Zelândia, isso poderia acrescentar dois mil dólares por pessoa às suas economias, afirmou o IEP em seu relatório anual Índice Global da Paz.
"Como vocês podem ver, a paz está integralmente ligada à riqueza econômica", argumentou Killelea, que descreveu o estudo como a única pesquisa que mede o impacto econômico da violência. A Europa apareceu como a região mais pacífica do mundo, e o Oriente Médio e o norte da África como as menos pacíficas.
Em maio a Organização das Nações Unidas (ONU) disse que a crise humanitária na Síria ficou pior neste ano do em qualquer momento da guerra civil de sete anos. No vizinho Iraque, o Estado Islâmico representa uma ameaça ao longo da fronteira com a Síria, embora em dezembro o país tenha declarado vitória sobre os militantes, que tomaram um terço do país em 2014.
A região da África subsaariana respondeu por quase metade das 11,8 milhões de pessoas que foram deslocadas pela violência e por conflitos dentro de seus próprios países no ano passado, segundo um relatório do Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos.