Atacado por Jair Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), o presidente da França, Emmanuel Macron, subiu ao palco poucas horas depois e discursou em defesa do combate às mudanças climáticas.
Sem citar o Brasil, pediu um boicote a produtos de países que não respeitam compromissos ambientais e afirmou que o livre comércio deve incluir obrigações com a neutralidade nas emissões de CO2 - gás poluente causador do efeito estufa - e o fim do desmatamento.
"Não podemos mais ter estratégias comerciais que não levem em consideração as mudanças climáticas. Não podemos forçar alguns países a fazerem esforços e continuar negociando com aqueles que não o fazem. Não podemos continuar fazendo declarações neste palco e seguir importando produtos que vão contra isso", disse Macron, reconhecendo que a própria França compra produtos que "levam ao desmatamento".
"Isso envolve mudanças profundas, parcerias e estratégias com os países de origem, as empresas e as finanças. Não estou dizendo que está tudo bem na França, longe disso, mas, se coletivamente não formos transparentes, não formos responsáveis, não insistirmos em ser coerentes entre palavras e ações, e se não casarmos clima e comércio, nunca vamos conseguir. Vai demorar alguns anos, mas precisa começar agora", acrescentou.
Macron ainda defendeu que todas as nações assumam o compromisso de neutralizar suas emissões de CO2 até 2050. Pouco antes, Bolsonaro, também sem citar o francês diretamente, havia afirmado que alguns países questionaram a "soberania" brasileira na Amazônia.
"Um deles, por ocasião do G7, ousou sugerir aplicar sanções ao Brasil sem ao menos nos ouvir", dissera, em referência à França.
Com índices de popularidade em recuperação após o pior momento de seu mandato, Macron tenta não apenas se colocar como líder nas discussões sobre meio ambiente, mas também como antagonista da extrema direita no mundo.
Além de Bolsonaro, o presidente da França já trocou farpas com o mandatário dos EUA, Donald Trump, e o ex-ministro do Interior da Itália Matteo Salvini. Em seu país, tem como adversária a deputada Marine Le Pen, que deve desafiá-lo novamente nas eleições de 2022.
Veja o discurso de Bolsonaro na íntegra: