NBC repatria cinegrafista com Ebola; toda equipe volta da Libéria

3 out 2014 - 16h48

A rede de TV americana NBC se preparava, nesta sexta, para repatriar um cinegrafista que contraiu Ebola na Libéria, bem como a equipe que trabalhava com ele no país, enquanto o encarregado da ONU para a resposta ao vírus, viajou para Serra Leoa, referindo-se à epidemia como a "maior prioridade" mundial.

Segundo a NBC, Ashoka Mukpo, de 33 anos, que trabalhava como freelancer para a NBC, descobriu que estava com febre na quarta-feira e está em quarentena em um centro de tratamento da organização Médicos sem Fronteiras (MSF).

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Contratado pela emissora há apenas três dias, ele é o quarto americano a contrair Ebola na Libéria.

"Os médicos estão otimistas sobre seu caso", afirmou o pai de Mukpo, Mitchell Levy, em mensagem enviada a amigos e parentes, citada pela NBC, acrescentando que seu filho trabalhou durante vários anos em projetos sanitários na Libéria.

De longe a epidemia mais mortal de Ebola já registrada, a doença se espalhou para cinco países da África Ocidental desde o início do ano, infectando mais de 7.000 pessoas e matando cerca de metade delas.

O vírus se dissemina, sobretudo, através de fluidos corporais e só é transmissível quando um paciente está com os sintomas: febre alta, vômito, diarreia e, em alguns casos, severa hemorragia interna e externa.

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O diretor da Missão da ONU para uma Resposta de Emergência ao Ebola (UNMEER), Anthony Banbury, viajou para Serra Leoa nesta sexta-feira, na segunda etapa de um giro pelos três países mais afetados pela epidemia.

"A única forma de pormos um fim a essa crise é acabar com o último caso de Ebola, de modo que não haja mais riscos de transmissão para mais ninguém e, quando isso acontecer, a UNMEER poderá voltar para casa", declarou Banbury a jornalistas na quinta-feira, na capital liberiana, Freetown.

O enviado da ONU disse querer fazer da epidemia "a mais alta prioridade da comunidade internacional, do mundo todo, não somente das Nações Unidas".

Em sua mais recente atualização da crise, a Organização Mundial de Saúde (OMS) informou existir uma "carência significativa" da capacidade de atendimento no oeste da África, com uma demanda de mais 1.500 leitos na Libéria e 450 em Serra Leoa.

Cerca de 160 profissionais de saúde de Cuba chegaram a Serra Leoa na quinta-feira, informou um correspondente da AFP no aeroporto perto de Freetown.

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A Grã-Bretanha prometeu destinar 120 milhões de libras (US$ 190 milhões) para ajudar a construir 170 leitos, financiar novos centros de tratamento comunitário, apoiar os serviços existentes de saúde pública e agências de ajuda em Serra Leoa.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, autoridades sanitárias monitoravam 100 pessoas no Texas, que teriam tido contato com Thomas Eric Duncan, um liberiano diagnosticado com Ebola. Quatro familiares dele também foram forçados a ficar em casa.

O homem - a primeira pessoa com diagnóstico de Ebola feito em solo americano - viajou procedente da Libéria e chegou ao Texas em 20 de setembro para visitar a família.

Ele teve contato com um paciente contaminado por Ebola na Libéria, segundo informes da imprensa americana.

A presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, disse que o homem se comportou de forma irresponsável ao viajar, apesar de saber que poderia estar infectado.

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"O fato de ele saber e deixar o país foi imperdoável", declarou Sirleaf à emissora pública canadense CBC.

Enquanto isso, a presidente da emissora americana NBC, Deborah Turness, afirmou que a equipe que trabalhava com Mupko na Libéria está sendo monitorada de perto, mas que não foram detectados sintomas.

"No entanto, como precaução, vamos repatriá-los em um avião fretado e, em seguida, eles serão colocados em quarentena nos Estados Unidos por 21 dias", acrescentou, em alusão ao período máximo de incubação do vírus.

Acredita-se que o cinegrafista seja o primeiro jornalista ocidental a contrair Ebola durante a cobertura da epidemia oeste-africana, embora vários profissionais tenham morrido em Serra Leoa e Libéria.

Na sexta-feira, a Alemanha informou que um médico ugandense que contraiu Ebola em Serra Leoa enquanto trabalhava para uma ONG foi hospitalizado em Frankfurt. Ele é o segundo paciente de Ebola tratado no país europeu.

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A organização não governamental Save the Children alertou que cinco pessoas são infectadas pelo Ebola a cada hora em Serra Leoa e que a demanda por leitos hospitalares está muito além da oferta.

Se a taxa "aterrorizante" de infecções se mantiver, dez pessoas serão infectadas por hora em Serra Leoa até o fim de outubro, advertiu a ONG com sede em Londres.

A extensão do medo provocado pela epidemia no país se reforçou na sexta-feira, quando veio à tona a notícia de que um homem de meia-idade, posto em quarentena na cidade de Makeni, morreu após atear fogo ao próprio corpo, temendo que sua família o tivesse infectado com Ebola.

Os vizinhos contaram que o homem ficou deprimido depois que sua esposa e filha foram fazer exames para constatar a detecção por Ebola em um centro de cuidados.

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"Ouviram o homem dizer que ele preferia morrer a ouvir qualquer notícia de que sua família estivesse com suspeita de ter Ebola", contou um vizinho à AFP.

"Ele se encharcou com gasolina, acendeu um fósforo e foi engolido pelo fogo", prosseguiu.

Segundo fontes hospitalares, quando os bombeiros chegaram ao local, seu corpo tinha sido incinerado.

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