O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, depôs pela primeira vez, nesta terça-feira, em seu longo julgamento por corrupção, dizendo que está sendo perseguido por suas políticas de segurança agressivas.
Netanyahu, de 75 anos, é o primeiro premiê em exercício de Israel a ser acusado de um crime. Ele está testemunhando ao mesmo tempo em que Israel está envolvido em uma guerra em Gaza e enfrentando possíveis novas ameaças causadas pela turbulência regional, incluindo na Síria.
Na semana passada, juízes determinaram que Netanyahu, formalmente acusado em 2019, tem de depor três vezes por semana, forçando o líder israelense de longa data a fazer malabarismos entre o tribunal e a sala de guerra no Ministério da Defesa de Israel, a poucos minutos do tribunal.
Líder do partido de direita Likud, Netanyahu atacou a mídia israelense pelo que ele chamou de postura esquerdista e acusou os jornalistas de tê-lo perseguido durante anos porque suas políticas não se alinhavam com a pressão por um Estado palestino.
"Estou esperando há oito anos por este momento para dizer a verdade", disse Netanyahu ao tribunal com três juízes. "Mas também sou um primeiro-ministro... estou conduzindo o país em uma guerra de sete frentes. E acho que as duas coisas podem ser feitas em paralelo."
Os promotores acusam Netanyahu de conceder favores regulatórios no valor de cerca de 1,8 bilhão de shekels (500 milhões de dólares) à Bezeq Telecom Israel em troca de uma cobertura positiva de si mesmo e de sua esposa Sara em um site de notícias controlado pelo ex-presidente da empresa.
Ele também é acusado de negociar um acordo com o proprietário do jornal israelense Yedioth Ahronoth para obter uma melhor cobertura em troca de legislação para desacelerar o crescimento de um jornal rival.
Netanyahu nega as alegações contra ele e se declarou inocente. Ele ficou de pé em vez de se sentar no banco das testemunhas durante o depoimento matinal.
"Se eu quisesse uma boa cobertura, tudo o que eu teria que ter feito seria sinalizar em direção a uma solução de dois Estados. ... Se eu tivesse dado dois passos para a esquerda, teria sido aclamado", disse ele.
Em longas respostas, ele se retratou como um firme defensor da segurança de Israel, resistindo às pressões de potências internacionais e de uma mídia doméstica hostil.