O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou nesta terça-feira (26/11) que Israel e Hezbollah aceitaram um acordo de cessar-fogo para o conflito em curso no Líbano.
O cessar-fogo entrará em vigor a partir de 4h de quarta-feira (27/11) no horário local (23h de terça-feira no horário de Brasília).
Biden acrescentou que, pelos próximos 60 dias, Israel retirará gradualmente suas forças da zona de conflito.
Por sua vez, os combatentes do Hezbollah se retirarão ao sul do rio Litani, uma fronteira estabelecida durante a última guerra entre Israel e Hezbollah, em 2006.
"Os combates terminarão. Terminarão. Isto foi concebido para ser um fim permanente das hostilidades."
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, havia anunciado mais cedo que seu governo aceitaria o acordo para suspender os combates com o Hezbollah.
"Um acordo pode ser cumprido e nós o cumpriremos", disse Netanyahu.
Após o anúncio, o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, pediu à comunidade internacional que "aja rapidamente" e "implemente um cessar-fogo imediato".
Desde o início da guerra, mais de 70 mil israelentes e 300 mil libaneses foram forçados a viver como refugiados, disse Biden, enquanto observam as suas comunidades "destruídas".
"Este foi o conflito mais letal entre Israel e o Hezbollah em décadas", afirmou o presidente americano, que acrescentou que recursos têm sido direcionados para "para defender Israel e para dissuadir o nosso inimigo comum num momento crítico".
"Sejamos claros, Israel não começou esta guerra, o povo libanês também não procurou esta guerra, nem os Estados Unidos."
O conflito tem sido devastador para o Líbano, onde há mais de 3,8 mil mortos, 15 mil feridos e 1 milhão de residentes deslocados.
Biden reiterou que os civis de ambos os lados poderão em breve regressar em segurança às suas comunidades.
Os Estados Unidos, junto com a França e outros aliados, comprometeram-se a trabalhar com Israel e o Líbano para garantir que o acordo seja é "totalmente" implementado, disse Biden.
O presidente americano fez ainda questão de enfatizar que nenhuma tropa americana estaria envolvida.
Caso o Hezbollah quebre o acordo, Israel terá o direito à legítima defesa, de acordo com o direito internacional, afirmou Biden.
Netanyahu fez um alerta no mesmo sentido ao dizer que Israel "responderá duramente" a qualquer tentativa de ataque por parte do Hezbollah.
O líder israelense disse que alguns aliados o alertaram de que o cessar-fogo significa que Israel não poderá voltar a entrar no Líbano, caso necessário.
Em seu discurso, Netanyahu disse que o Hezbollah não é mais o mesmo, acrescentando que o exército de Israel matou seus comandantes.
Israel também destruiu a infraestrutura do Hezbollah e "atingiu grandes alvos", acrescentou o primeiro-ministro.
Netanyahu afirmou ainda que encerrar os combates contra o Hezbollah no Líbano permitiria a Israel aumentar a pressão sobre o Hamas em Gaza e focar na "ameaça iraniana".
"Quando o Hezbollah sair de cena, o Hamas ficará sozinho na luta. Nossa pressão sobre ele irá se intensificar", disse o premiê israelense.
Sobre Gaza, Biden afirmou que as pessoas que vivem na região também merecem ver o fim dos combates.
"O povo de Gaza passou por um inferno. Seu mundo foi destruído", disse Biden, enfatizando que seu governo continuará a pressionar por um cessar-fogo também no território palestino, onde Israel trava um conflito com o Hamas.
O Hamas tem uma escolha a fazer, acrescentou Biden, dizendo que a "única saída" é libertar os reféns israelenses capturados no ano passado.
Nos próximos dias, o governo americano fará outro esforço para "alcançar um cessar-fogo em Gaza", disse Biden, tendo em vista reestabelecer a paz no Oriente Médio.
Os Estados Unidos também continuam empenhados em fazer "acordos históricos" para estabelecer um Estado palestino e uma normalização das relações entre a Arábia Saudita e Israel.
"Acredito que esta agenda continua a ser possível", afirmou o presidente norte-americano, que disse que trabalhará "incansavelmente" nesse sentido nos dias que lhe restam no cargo.
Biden foi derrotado por Donald Trump nas eleições de novembro. Trump assume como novo presidente americano em 20 de janeiro.
Israel x Hezbollah
Israel e o Hezbollah, um grupo armado apoiado pelo Irã e que também é um partido político no Líbano, trocaram tiros quase diários através da fronteira desde outubro de 2023, após os ataques do Hamas e a seguinte invasão israelense à Faixa de Gaza.
Os combates se intensificaram no final de setembro de 2024, quando Israel aumentou os bombardeios aéreos contra o território libanês e lançou uma invasão terrestre limitada.
Nesta terça-feira, as Forças de Defesa de Israel realizaram uma nova série de ataques aéreos na capital libanesa, Beirute, matando pelo menos sete pessoas.
Israel afirma que quer garantir o retorno seguro de cerca de 60 mil residentes das áreas do norte de Israel deslocados por ataques com foguetes, lançados pelo Hezbollah em apoio aos palestinos.
A estimativa do Banco Mundial é de perdas econômicas e danos para o Líbano no valor de 8,5 bilhões de dólares (cerca de 6,8 bilhões de libras). A recuperação levará tempo, e ninguém sabe quem pagará por isso.
Como ficará o Hezbollah após a guerra é incerto. O grupo foi enfraquecido, alguns diriam humilhado, mas não foi destruído.