Israel está preparando uma invasão terrestre à Faixa de Gaza, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em declaração televisionada nesta quarta-feira, mas ele se recusou a fornecer detalhes sobre o momento ou outras informações sobre a operação.
Ele disse que a decisão sobre quando as forças entrarão no enclave palestino, controlado pelo grupo Hamas, será tomada pelo gabinete especial de guerra do governo, que inclui o líder de um dos partidos de centro da oposição. "Já matamos milhares de terroristas e isto é apenas o começo", afirmou Netanyahu.
"Ao mesmo tempo, estamos nos preparando para uma invasão terrestre. Não vou entrar em detalhes sobre quando, como ou quantas. Também não vou entrar em detalhes sobre os vários cálculos que estamos fazendo, dos quais o público em grande parte desconhece e é assim que as coisas devem ser."
Israel tem realizado intensos bombardeios na densamente povoada Faixa de Gaza, após ataque do Hamas em 7 de outubro contra comunidades israelenses que deixou cerca de 1.400 mortos. Mais de 6.500 palestinos foram mortos nos bombardeios, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Netanyahu, que até agora não assumiu responsabilidade pelas falhas de segurança que levaram ao ataque do Hamas, disse que todos os envolvidos serão chamados a prestar contas. "O escândalo será totalmente investigado", declarou ele. "Todos terão que dar respostas, eu também. Mas tudo isso só acontecerá depois da guerra."
Mais cedo, citando autoridades dos EUA e de Israel, o Wall Street Journal informou que Israel tinha concordado em adiar a invasão de Gaza por enquanto, para que os Estados Unidos pudessem enviar defesas antimísseis para a região.
A Reuters informou na segunda-feira que Washington aconselhou Israel a adiar um ataque terrestre e está mantendo o Catar - um intermediário com os militantes palestinos - informado dessas negociações enquanto tenta libertar mais reféns e se preparar para uma possível guerra regional mais ampla.
Resoluções da Rússia e EUA são vetadas
As propostas dos Estados Unidos e da Rússia para a resolução do conflito entre Israel e Hamas, na Faixa de Gaza, foram vetadas durante a reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta quarta-feira, 25.
Na reunião presidida pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, Rússia e China votaram contra a proposta norte-americana, que foi considerada como 'politizada' e que não condenava o 'uso indiscriminado e desproporcional de força, tampouco pedia uma investigação sobre o ataque ao Hopistal de Al-Ahli'. O Brasil se absteve. Ao todo, a proposta recebeu 10 votos a favor.
Já a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas, acusou a Rússia de criar um texto de última hora e sem permitir consultas com os outros pares do conselho.
Família de jornalista da Al Jazeera é morta em bombardeio
A família do correspondente da Al Jazeera Wael Dahdouh foi morta durante um ataque israelense nesta quarta-feira, 25, na Faixa de Gaza.
A esposa e dois filhos, um menino e uma menina, estavam em uma casa no campo de refugiados de al-Nuseirat, na parte sul de Gaza, onde se refugiaram após ordem israelense para evacuar a parte norte, quando foram mortos. Dahdouh trabalhava na cobertura dos ataques e chegou a noticiar um bombardeio em Nuseirat sem imaginar que seus familiares estariam entre as vítimas.
Entenda os principais pontos da guerra entre Israel e Hamas:
- Desde o início do conflito, mais de 6.546 palestinos morreram, sendo 2.704 crianças e 1.584 mulheres, e 16 mil ficaram feridos; do lado israelense, 1.405 israelenses morreram, sendo 305 soldados e 57 policiais, e há mais de 5.431 feridos;
- O Hamas é uma organização militar, política e social que comanda a Faixa de Gaza desde 2007, quando venceu as eleições legislativas palestinas. O grupo é considerado uma organização terrorista por países da União Europeia e pelos Estados Unidos, mas não pela ONU;
- A Faixa de Gaza vive sob um intenso bloqueio terrestre, aéreo e marítimo, com restrições de entrada de suprimentos básicos, desde 2007, sendo considerada uma 'prisão a céu aberto' por analistas, pesquisadores e entidades de direitos humanos;
- Os palestinos reivindicam a criação de seu Estado (que inclui a Cisjordânia) desde 1948;
- Em 7 de outubro, o Hamas realizou a maior onda de ataques contra Israel;
- Benjamin Netanyahu declarou guerra ao Hamas e falou em destruir o grupo;
- Israel intensificou o bloqueio à Faixa de Gaza, cortando o abastecimento de energia elétrica, combustível e água, criando uma crise humanitária sem precedentes em Gaza;
- Hamas ameaçou matar os reféns israelenses em retaliação à resposta militar israelense;
- Entidades alertam para o risco de agravamento da crise humanitária em Gaza. Com os hospitais e necrotérios sobrecarregados, palestinos usam carros de sorvete e refrigeradores de alimentos para armazenar corpos;
- Cerca de 1 milhão de palestinos deixaram as suas casas em busca de refúgio no sul de Gaza; a população total da Faixa de Gaza é de 2,3 milhões, sendo 47% crianças;
- Bombardeio ao Hospital Batista Al-Ahli, em Gaza, deixou ao menos 500 mortos; Israel acusou a Jihad Islâmica pelo bombardeio. O grupo negou;
- Representante palestino na ONU pediu um cessar-fogo imediato;
- Governo já repatriou mais de 1.135 brasileiros na operação Voltando em Paz;
- Estados Unidos vetaram a resolução brasileira no Conselho de Segurança da ONU; Propostas dos EUA e da Rússia também são vetadas;
- A terceira igreja mais antiga do mundo, a Igreja de São Porfírio, localizada na Faixa de Gaza, foi bombardeada na noite de quinta-feira, 19;
- Hamas libertou ao menos quatro reféns. A negociação foi feita por intermédio do Catar. Outros 200 seguem detidos em Gaza;
- Mais de 100 caminhões aguardam no lado egípcio da fronteira de Rafah para entrar em Gaza com ajuda humanitária; a fronteira foi aberta pela primeira vez no sábado, dia 20.
Com informações da Reuters.