Ao longo de sete décadas como chefe de Estado do Reino Unido, a Rainha Elizabeth II, que morreu nesta quinta-feira, 8, aos 96 anos, fez de suas visitas oficiais a mais de 100 países, um marco de seu reinado, representando a Coroa Britânica em cada um dos cinco continentes. A sua primeira viagem oficial à América do Sul foi ao Brasil, em 1968, quando o país vivia apenas o quarto ano do regime militar que duraria mais de duas décadas.
Elizabeth II Passou por seis cidades em 11 dias de viagem, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Salvador e Campinas. Em Brasília, discursou em uma sessão conjunta do Congresso Nacional, onde afirmou que estava "confiante de que a amizade (entre Brasil e Reino Unido) poderia crescer".
"O mais difícil de todos os problemas mundiais é descobrir como as nações podem viver em harmonia. O Brasil, com suas tradições liberais, sua tolerância e a profunda humanidade de seu povo, pode certamente dar uma notável contribuição particular", disse a monarca na ocasião.
Apenas um mês depois, foi instituído no país o Ato Institucional 5. A principal medida adotada pelo regime militar no caminho do cerceamento de liberdades e direitos dos cidadãos brasileiros.
Em passagem por São Paulo, Elizabeth presenciou a abertura do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, onde reuniu multidões à sua espera.
No Rio de Janeiro, assistiu a uma partida de futebol no Estádio do Maracanã, onde conheceu pessoalmente o jogador Pelé. Quase trinta anos depois, em 1997, o craque brasileiro foi condecorado pela monarca com a "Ordem de Cavaleiro do Império Britânico", durante a visita do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, ao Reino Unido.
Nesta quarta-feira, comemoração dos 200 anos da independência brasileira, a rainha emitiu um comunicado em homenagem ao país: "Em meio à celebração da importante ocasião dos 200 anos de independência, gostaria de parabenizar Vossa Excelência e enviar minhas felicitações ao povo da República Federativa do Brasil, lembrando com carinho da minha visita ao país, em 1968".