Instituições contrárias e favoráveis à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de mudar a embaixada norte-americana em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém e reconhecer a cidade como capital do país reagiram hoje (6) em Washington ao anúncio.
Em frente à Casa Branca, manifestantes protestaram contra a decisão. Kareem El-Hosseiny, coordenador de relações governamentais da organização Americanos Muçulmanos pela Palestina, condenou o anúncio e disse que a decisão de Trump foi tomada "de uma maneira completamente imprudente, sem consultar as pessoas afetadas". Segundo ele, o problema é que "pessoas que não moram na Palestina acham que podem dizer ao resto do mundo como a população deve viver" e que "Donald Trump está apenas repetindo o mesmo colonialismo branco na Palestina que existiu desde a criação do estado de Israel".
El-Hosseiny lembrou que desde o plano de partilha da Palestina, em 1947, o status de Jerusalém foi declarado como uma questão a ser negociada ao final de todas as outras, ou seja, só poderia ser decidido depois que as discordâncias sobre todos os outros temas que envolvem o conflito pela região fossem acordadas.
Entre outros obstáculos à paz no Oriente Médio, além do status de Jerusalém, estão a questão das fronteiras do estado de Israel e a dos refugiados palestinos que deixaram o país após a Guerra de Independência, em 1948.
A rabina Alana Suskin também protestava em frente à Casa Branca contra a decisão. Segundo ela, a mudança não promoverá a paz, além de contrariar as recomendações de analistas de segurança e de inteligência, tanto nos Estados quanto em Israel. A religiosa judia acredita ser improvável que outros países sigam o exemplo dos Estados Unidos, conforme foi pedido hoje pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. "Só há uma maneira de alcançar a paz: a maioria dos palestinos e a maioria dos israelenses são a favor de uma solução de dois Estados há décadas", afirmou. "O único jeito de negociar uma solução de dois Estados é com base nas fronteiras de 1967, com troca de terras acordadas", acrescentou.
Entre os principais obstáculos para a paz no conflito entre israelenses e palestinos está o status de Jerusalém, que até 1967, era dividida. Durante a guerra dos Seis Dias, seu lado oriental foi ocupado por Israel, que, desde então, governa toda a cidade, que diz ser sua capital, apesar de não ser reconhecida internacionalmente assim, já que palestinos também demandam que Jerusalém seja a capital de seu potencial Estado.
Defesa de Israel
O diretor-executivo da Coalizão Judia Republicana, Matt Brooks, defendeu a decisão de Trump. Ele diz que o presidente tomou uma posição corajosa que expressa seu compromisso para reparar e fortalecer os laços dos Estados Unidos com Israel, "nosso aliado mais importante no Oriente Médio". Segundo Brooks, o reconhecimento sempre foi um objetivo da organização. O presidente nacional da coalizão, Norm Coleman, disse que Trump está fazendo "o que ele faz tão bem: reconhecendo a realidade".
O Comitê Americano de Relações Públicas de Israel também defendeu a decisão, que diz ser um passo que há muito deveria ter sido tomado para garantir a implementação da lei norte-americana, em uma menção ao Ato da Embaixada em Jerusalém de 1995, que decretou que Jerusalém é uma cidade unificada e que deve ser reconhecida como capital do estado de Israel.
O ato também obrigava a embaixada norte-americana a ser realocada de Tel-Aviv para Jerusalém até maio de 1999. Segundo o Comitê, o texto foi aprovado por uma "larga maioria bipartidária". O ato de fato foi aprovado tanto pela Câmara quanto pelo Senado e, apesar de não ter sido assinado pelo presidente à época, Bill Clinton, tornou-se lei, mas teve sua implementação adiada seguidas vezes pelos presidentes antes de Trump.
O comitê também afirma que mudar a embaixada de Tel-Aviv para Jerusalém não prejudicará o processo de paz entre israelenses e palestinos, que inclui "estabelecer dois estados para dois povos e resolver a demanda palestina pela parte oriental da cidade".
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