O que pode estar por trás de saída de Tucker Carlson da Fox News

Um dos apresentadores mais populares da TV americana, Carlson acabou demitido da emissora conservadora.

24 abr 2023 - 17h59
Tucker Carlson foi demitido da Fox News
Tucker Carlson foi demitido da Fox News
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Tucker Carlson, um dos apresentadores com maior audiência na TV americana, vai deixar o canal de notícias Fox News, segundo a própria companhia.

Em um comunicado, a Fox News disse que a rede e Carlson concordaram em "seguir caminhos diferentes".

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O último programa apresentado por Carlson foi ao ar na sexta-feira, 21 de abril, acrescentou o comunicado.

O horário nobre da gigante de mídia agora será comandado por uma série de apresentadores, em esquema de rodízio, até que um substituto permanente seja encontrado.

A breve declaração - de dois parágrafos - não informou a razão para a saída do apresentador.

No ar, um âncora da Fox News anunciou a saída com uma homenagem que agradeceu a Carlson "pelos serviços prestados à rede".

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Carlson não era apenas um apresentador popular, mas também bastante influente. Seus programas frequentemente definem a agenda dos conservadores e, por extensão, do Partido Republicano.

O programa oferecia uma mistura de abordagens conservadoras populistas em questões como imigração, criminalidade, raça, gênero e sexualidade, com a chamada ideologia "woke" se tornando um alvo frequente dele.

Ele fazia parte de quatro dos dez programas mais bem avaliados na TV a cabo dos Estados Unidos, de acordo com dados da empresa de pesquisas Nielsen entre a semana de 27 de março a 2 de abril.

No levantamento, Carlson foi o apresentador mais votado da Fox News, com uma média diária de três milhões de telespectadores em uma noite.

Embora Carlson muitas vezes concordasse publicamente com Donald Trump, cuja política transformou o Partido Republicano nos últimos anos, ele ocasionalmente divergia das opiniões políticas do ex-presidente.

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Em mensagens particulares, Carlson afirmou 'odiar' o ex-presidente Donald Trump
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Uma recente entrevista de Carlson com Trump alcançou sete milhões de telespectadores, algo inédito no mundo dos canais de notícias na TV a cabo dos EUA.

O anúncio de demissão ocorre poucos dias depois de a Fox News entrar em um acordo para finalizar um processo de difamação movido pela empresa de urnas eletrônicas Dominion sobre a cobertura das eleições presidenciais de 2020.

No processo, a empresa Dominion, que produz urnas eletrônicas, argumentou que seus negócios foram prejudicados pela Fox News.

A rede de TV foi acusada de espalhar informações falsas de que as urnas foram manipuladas para impedir a vitória de Trump nas eleições.

O caso levou à divulgação de mensagens de texto que mostravam as opiniões particulares de Carlson, muitas vezes diferentes de seu posicionamento público.

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Seu programa, que foi ao ar no cobiçado horário entre 20h e 21h, foi citado repetidamente em documentos judiciais pelos advogados da Dominion em sua alegação de que parte da produção jornalística da emissora era difamatória.

Além disso, a Fox News também está enfrentando um processo movido pela ex-produtora Abby Grossberg, na qual ela acusou a emissora de coagi-la a mentir no processo envolvendo a Dominion. A Fox News afirmou que iria se defender da acusação, e processar Grossberg.

A última entrevista de Carlson com Trump ocorreu há duas semanas. Por outro lado, documentos anexados no caso Dominion mostram que, em mensagens particulares, ele disse "odiar" o ex-presidente.

Ele também entrevistou o CEO do Twitter, Elon Musk, durante o que seria sua última semana na Fox News.

Entre aqueles que reagiram às notícias da saída de Carlson da Fox estava Ocasio-Cortes, deputada por Nova York, que tuitou a palavra "uau", bem como um vídeo mais antigo no qual ela o acusava de "incitação à violência" por meio de seu programa.

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O ex-candidato ao governo do Arizona, o republicano Kari Lake - um convidado recorrente no programa de Carlson - elogiou sua saída da Fox, afirmando que a demissão permitiria que ele ficasse "livre" e "sem censura".

'De volta na segunda-feira'

A saída de Carlson parece ter sido repentina e aconteceu sem a despedida usual que espera de um apresentador famoso e antigo na rede de TV.

Um vídeo compartilhado no Twitter pelo jornalista Aaron Rupar mostra Carlson encerrando seu programa na sexta-feira com as palavras "voltaremos na segunda-feira".

Carlson ingressou na Fox como colaborador em 2009, antes de se tornar co-apresentador do programa Fox and Friends Weekend entre 2012 e 2016, ano em que ele começou a apresentar o Tucker Carlson Show.

Antes de sua carreira na Fox começar, Carlson também apresentou programas na CNN e na MSNBC. Depois, ele criou o site Daily Caller ao lado do ex-conselheiro político republicano Neil Patel.

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Sua passagem pela CNN terminou em 2005, apenas alguns meses depois de uma discussão acalorada e ao vivo com o apresentador do Daily Show, Jon Stewart.

A Fox Corporation, dona da Fox News, viu o preço de suas ações cair mais de 3% em Nova York após o anúncio de demissão.

Isso é comparável à reação do mercado quando a empresa anunciou que pagaria US$ 787 milhões (R$ 3,9 bilhões) para finalizar o processo de difamação movido pela Dominion, embora as ações naquele caso tenham se recuperado rapidamente.

Outro apresentador de TV a cabo, Don Lemon, anunciou na segunda-feira que foi demitido pela CNN após 17 anos, poucas horas depois de aparecer em seu programa matinal recentemente relançado.

O apresentador sofreu duras críticas públicas no início deste ano por comentários sobre Nikki Haley, que deve concorrer contra Trump pela candidatura às eleições presidenciais pelo Partido Republicano em 2024.

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Colaborou Natalie Sherman, da BBC News em Nova York

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