O que se sabe sobre funcionários de agência da ONU demitidos por suposto elo com ataques do Hamas a Israel

Israel acusou funcionários da UNRWA de terem participado do episódio de 7 de outubro; agência de assistência humanitária prometeu investigar.

27 jan 2024 - 08h21
(atualizado às 08h43)
Agência da ONU dá assistência humanitária a palestinos
Agência da ONU dá assistência humanitária a palestinos
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Uma acusação feita por Israel de que funcionários da UNRWA - a agência da ONU que dá assistência a refugiados palestinos - teriam tido envolvimento nos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 desencadeou uma investigação interna, demissões e reações dos EUA, que anunciaram uma pausa no financiamento da agência.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, se disse "estarrecido" com a acusação e pediu uma investigação rápida.

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O Hamas matou 1,3 mil pessoas, a maioria delas civis, em um ataque sem precedentes contra Israel em 7 de outubro. Outras 250 pessoas foram feitas reféns. O episódio desencadeou uma ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza que já matou mais de 26 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde, sob controle do Hamas.

Ao anunciar sua decisão de temporariamente suspender o financiamento da UNRWA, o Departamento de Estado americano afirmou estar "profundamente apreensivo" com as acusações de suposto envolvimento de pessoal da ONU nos ataques.

O chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, disse na sexta-feira (26/1) que, a partir das informações de Israel, colocou diversos funcionários sob investigação e demitiu alguns deles.

"Para proteger a habilidade da agência de oferecer assistência humanitária, eu decidi rescindir imediatamente o contrato desses funcionários e lançar uma investigação para estabelecer a verdade, sem demoras", afirmou Lazzarini em comunicado.

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"Qualquer funcionário envolvido nos atos de terror responderão por isso, inclusive em processos criminais. A UNRWA reitera sua condenação, nos termos mais duros, dos repugnantes ataques de 7 de outubro e pede a libertação incondicional dos reféns israelenses (...)."

Ao mesmo tempo, Lazzarini afirmou que "essas chocantes alegações ocorrem no momento em que mais de 2 milhões de pessoas em Gaza dependem de assistência vital que a agência provê desde que a guerra começou. Qualquer pessoa que trai esses valores fundamentais da ONU também trai as pessoas que atendemos em Gaza, na região e no resto do mundo."

Mark Regev, conselheiro do governo de Israel, disse à BBC que "pessoas recebendo salários" da UNRWA se envolveram no ocorrido em 7 de outubro e que professores que trabalham em escolas da agência "celebraram abertamente" os ataques do Hamas.

Ele também se referiu a uma refém israelense que, quando foi libertada, afirmou ter sido mantida em cativeiro "na casa de alguém que trabalhava para a UNRWA".

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"Eles têm um sindicato que é controlado pelo Hamas, e acho que já passou da hora de a ONU investigar esses elos entre a UNRWA e o Hamas", disse Regev.

Ao pedir uma investigação do caso, António Guterres afirmou que qualquer empregado da agência que comprovadamente tenha "participado ou auxiliado" no episódio de 7 de outubro será demitido e encaminhado para uma denúncia criminal.

A Casa Branca afirmou que determinará seus próximos passos com base no "resultado de uma ampla e completa investigação".

EUA, Alemanha e o bloco da União Europeia estão entre os maiores doadores da UNRWA. A agência provê educação, serviços de saúde e ajuda humanitária a palestinos em Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Síria e Líbano, mas diz enfrentar crescentes dificuldades em assistir a quase 75% da população de Gaza, que foi deslocada pelo conflito dos últimos meses.

Estruturas físicas da ONU onde moradores de Gaza se abrigavam foram atingidas por ataques aéreos israelenses. Na última quinta-feira (25/1), 12 pessoas morreram quando um abrigo da ONU foi bombardeado em Khan Younis, no sul de Gaza.

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