O que se sabe sobre prisão de homem do Uzbequistão pelo assassinato de general em Moscou

Suspeito de 29 anos é acusado de matar o tenente-general Igor Kirillov e seu assistente

18 dez 2024 - 14h16
O nome do suspeito não foi identificado publicamente
O nome do suspeito não foi identificado publicamente
Foto: FSB / BBC News Brasil

Autoridades russas informaram nesta na quarta-feira (18/12) que um homem de 29 anos foi detido pelo assassinato do tenente-general Igor Kirillov e seu assistente, em Moscou.

O general de alto escalão das Forças Armadas russas e seu assistente foram mortos em uma explosão em Moscou, na terça-feira (17/12).

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Kirillov, chefe das Forças de Defesa Nuclear, Biológica e Química (NBC), estava na entrada de um complexo residencial quando um dispositivo escondido em uma scooter explodiu, informou o Comitê de Investigação da Rússia.

O Comitê de Investigação da Rússia (SK) afirmou que o suspeito — cuja identidade ainda não foi divulgada — admitiu que foi recrutado pelos serviços secretos ucranianos. No entanto, o SK não apresentou evidências que comprovassem essa alegação.

O SK informou que o homem detido — nascido em 1995 — é cidadão do Uzbequistão.

A nota acrescentou que ele é "suspeito de cometer um ato terrorista" e que, durante o interrogatório, "ele explicou que foi recrutado pelos serviços secretos ucranianos".

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A agência de segurança ucraniana SBU já havia assumido a autoria do assassinato, conforme informou uma fonte à BBC na terça-feira.

A fonte ucraniana disse que Kirillov, de 54 anos, era "um alvo legítimo" e acusou o general de ter cometido crimes de guerra.

Na segunda-feira, um dia antes do assassinato, a Ucrânia havia acusado Kirillov, à revelia, afirmando que ele era "responsável pelo uso massivo de armas químicas proibidas". Moscou nega as acusações.

O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) divulgou um vídeo do interrogatório do suspeito.

Nas imagens, um homem algemado e de cabelos escuros aparece falando diretamente para a câmera.

Ele é ouvido dizendo em russo que receberia uma recompensa de US$ 100 mil e um passaporte europeu em troca do assassinato de Kirillov.

Flores foram colocadas perto de onde Kirillov e seu assistente foram mortos
Foto: EPA / BBC News Brasil

O FSB acrescentou que, sob instruções da Ucrânia, o homem detido chegou a Moscou e recebeu um dispositivo explosivo caseiro.

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Não está claro se a confissão do suspeito foi feita sob coação.

O dispositivo explosivo foi colocado no patinete estacionado perto da entrada do prédio residencial onde Kirillov morava, afirmou o SK.

Para monitorar o local, o suspeito havia alugado um carro, onde instalou uma câmera de vídeo que transmitia ao vivo para os organizadores do ataque na cidade de Dnipro, na Ucrânia, acrescentou o comitê de investigação.

Quando Kirillov e seu assistente, Ilya Polikarpov, saíram do edifício, o dispositivo explosivo foi ativado remotamente, de acordo com a declaração.

Um porta-voz do Kremlin afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, "expressou profundas condolências" pela morte de Kirillov, conforme relatado pela agência de notícias estatal russa Tass.

Quem era Kirillov

o Tenente-general Igor Kirillov era alvo de sanções no Reino Unido
Foto: EPA / BBC News Brasil

Kirillov é considerado a figura militar de mais alto escalão assassinada dentro da Rússia desde que o presidente Putin iniciou a invasão em larga escala da Ucrânia, em fevereiro de 2024.

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Além de ser acusado pela Ucrânia, Kirillov já havia sido sancionado pelo Reino Unido devido ao suposto uso de armas químicas na Ucrânia.

O serviço de segurança ucraniano SBU afirmou que a Rússia usou armas químicas mais de 4,8 mil vezes sob a liderança do general.

Moscou nega as alegações e afirma que destruiu o último remanescente de seu vasto estoque de armas químicas em 2017.

Imagens da cena fora do prédio de apartamentos de Kirillov, no sudeste de Moscou, na terça-feira, mostraram a entrada fortemente danificada, com marcas de queimaduras nas paredes e várias janelas quebradas. Também era possível ver dois sacos de cadáveres na rua.

Na quarta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia informou que o país levaria o assassinato de Kirillov à reunião do Conselho de Segurança da ONU na sexta-feira (20/12).

Oficiais russos prometeram encontrar e punir os responsáveis pelo crime.

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