O que significa a emergência nacional na fronteira dos EUA que Trump anunciou após tomar posse

Trump planeja acabar com o direito à cidadania por nascimento e instruir o Departamento de Defesa a 'selar a fronteira' como parte da medida de emergência

20 jan 2025 - 15h18
Em discurso após a posse, Trump afirmou que toda entrada ilegal será imediatamente interrompida
Em discurso após a posse, Trump afirmou que toda entrada ilegal será imediatamente interrompida
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que tomou posse nessa segunda-feira (20/1), afirmou que a primeira de uma série de ordens executivas atos será declarar uma "emergência nacional" na fronteira entre os Estados Unidos e o México.

"Toda entrada ilegal será imediatamente interrompida e se iniciará um processo de devolução de milhões e milhões de imigrantes criminosos aos lugares de onde vieram", disse o presidente em seu discurso, aplaudido de pé pelos presentes.

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Trump tornou-se oficialmente presidente em cerimônia no Capitólio dos EUA. Esperava-se que ele começasse a assinar ordens logo em seguida.

Em seu discurso, ele mencionou ainda algumas das medidas que pretende adotar, como a reinstauração da chamada política "Fique no México" e o envio de mais tropas e recursos humanos para a fronteira.

As medidas no primeiro dia de governo tem como objetivo reverter rapidamente as políticas da administração Biden.

Trump deve assinar cerca de 100 ordens executivas até o final do dia, abordando questões que vão desde imigração e energia até economia e questões de gênero.

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Como parte de seus planos, Trump também ordenará a retomada da construção do muro na fronteira e que algumas organizações criminosas sejam oficialmente designadas como terroristas estrangeiras.

Durante a campanha, Trump prometeu acabar com o que chamou de políticas de "fronteira aberta" de Joe Biden.

O que se sabe sobre a medida

Em uma série de ligações com repórteres na manhã desta segunda-feira, membros do novo governo Trump detalharam dezenas de ordens executivas que o presidente planeja adotar, incluindo dez focadas no que um dos funcionários descreveu como "políticas de imigração de bom senso".

Os assessores disseram que Trump planeja acabar com o direito à cidadania por nascimento, o que significa que filhos de imigrantes indocumentados que vivem nos EUA não seriam mais automaticamente considerados cidadãos americanos.

O direito à cidadania por nascimento, no entanto, está garantido na Constituição dos EUA e exigiria uma votação de dois terços em ambas as Casas do Congresso para ser alterado. Mas não foram fornecidos mais detalhes sobre como Trump pretende realizar essa mudança.

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Como parte da declaração de emergência nacional na fronteira, Trump também instruirá o Departamento de Defesa a "selar a fronteira" e a mobilizar recursos e pessoal adicionais, incluindo capacidades de combate a drones. Em seu discurso, o presidente mencionou o envio de tropas ao local.

Além disso, a administração Trump planeja reinstaurar a controversa política "Fique no México", como mencionado em seu discurso, o que exige que migrantes aguardem os processos de asilo no lado mexicano da fronteira.

Outras ações inaugurais

Os novos membros do governo Trump também prometeram o início de uma abordagem "de todo o governo" para enfrentar a inflação, além de ordens executivas para aumentar a produção de energia nos EUA e reduzir os altos custos de energia para os consumidores.

No entanto, os assessores confirmaram que nenhuma nova tarifa será anunciada no dia da posse, apesar de essa ser uma parte central da visão econômica do presidente eleito.

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Trump havia declarado anteriormente que imporia novas tarifas sobre produtos importados do Canadá, México e China em seu primeiro dia no cargo.

Os assessores também disseram que Trump pretende "acabar com DEI [diversidade, equidade e inclusão]" no governo e estabelecer como política oficial que os EUA reconhecem apenas dois sexos: masculino e feminino.

A nova secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, tuitou que Trump também planeja renomear o Golfo do México como "Golfo da América".

A montanha mais alta da América do Norte, Denali, também voltará a ser chamada de Monte McKinley - seu nome até ser alterado pelo presidente Barack Obama em 2015.

Após o discurso de posse, Trump participa de um desfile e uma série de bailes oficiais à noite.

Cerca de 20 mil pessoas são esperadas no desfile, que foi transferido para o Capital One Arena no fim de semana devido a preocupações com as temperaturas extremamente baixas em Washington, DC.

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A multidão é apenas uma fração dos aproximadamente 220 mil convidados esperados para assistir ao evento nos jardins do Capitólio.

Na manhã de segunda-feira, uma mesa foi montada no centro da arena - o que, segundo especulações, poderia ser usada para Trump assinar ordens executivas diante de seus apoiadores.

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