O ex-presidente americano Donald Trump reapareceu neste domingo (28) na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) de Orlando com um discurso repleto de críticas às políticas implementadas por seu sucessor, Joe Biden, e no qual manteve abertas as portas para ser novamente candidato à presidência dos Estados Unidos Estados em 2024.
"Quem sabe, quem sabe. Poderia até decidir vencê-los pela terceira vez", disse ele, em referência a seus rivais democratas.
"Um presidente republicano retornará à Casa Branca. Eu me pergunto quem poderia ser", acrescentou.
Diante de uma plateia de apoiadores, Trump insistiu, sem fornecer provas, que perdeu nas eleições de 2020 porque elas foram "fraudadas" e pediu a seus seguidores que mantivessem seu movimento político ativo.
"Não importa o quanto o poder estabelecido em Washington e os poderosos interesses especiais queiram nos silenciar, que não haja dúvidas. Seremos vitoriosos e a América será mais forte e maior do que nunca", disse ele.
O ex-presidente abafou boatos de que poderia criar um novo partido, mas deixou claro que continuará atuando dentro do Partido Republicano. "Não vou criar um novo partido. Temos o Partido Republicano. Ele vai se unir e ficar mais forte do que nunca."
Diante de um público devotado, Trump não poupou ataques contra Biden, a quem atribuiu "o primeiro mês mais desastroso de qualquer presidente da história moderna", e foi especialmente crítico com o plano de reforma da imigração que Biden tenta aprovar no Congresso. Segundo Trump, se aprovado, ele tornaria os Estados Unidos "um santuário" para a imigração irregular.
Tendo superado o impeachment por seu papel no ataque ao Capitólio (sede do governo dos EUA) em 6 de janeiro, Trump parece determinado a competir pela liderança do Partido Republicano ou, pelo menos, a manter sua influência.
Trump divergiu publicamente de alguns líderes republicanos que criticaram seu desempenho no final de seu mandato, como o líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, e atacou os membros do partido que se afastaram dele e que irão tentar a reeleição nas eleições legislativas de 2022, na metade do mandato presidencial.
Trump luta por novas manchetes na era Biden
Por Anthony Zurcher, correspondente da BBC nos EUA
Donald Trump está de volta. Depois de um mês longe dos olhos do público, o ex-presidente escolheu o espaço amigável da Conferência de Ação Política Conservadora para lançar a aposta por sua ressurreição política.
A julgar pela multidão aqui, não será preciso muito esforço para reanimá-lo, pelo menos entre os ativistas conservadores. Seu apoio a Trump, como em sua derrota eleitoral e no ataque da multidão no Capitólio, nunca esmoreceu.
Então, quando Trump lançou sua tentativa de continuar na liderança do Partido, seja como alguém capaz de indicar um sucessor ou mesmo empunhando sua propria bandeira em 2024, o público mostrou sua aprovação a plenos pulmões.
No domingo, os potenciais sucessores de Trump no partido puderam notar alguma chance de realizar seu objetivo.
O discurso de Trump já não tinha o brilho com que ele está acostumado. Seu exílio voluntário pode ter cobrado seu preço, forçando-o a encontrar slogans que funcionem na era Biden.
E, embora os índices de aprovação de suas políticas fossem muito altos em uma pesquisa entre os participantes, apenas metade deles disse que votaria em Donald Trump se ele concorresse em 2024.
É uma vantagem considerável, mas talvez não seja suficiente para desestimular candidatos em potencial.
A influência contínua de Trump dentro do partido parece inquestionável, mas se isso se traduz em uma nova nomeação presidencial, se ele assim pretender, não é certo. Trump terá que conquistá-la.